quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Recomeço



A porta do universo abriu-se fazendo uma fresta de luz,
A minha alma andante refez-se ao toque de um raio de amor;
Meu ser desejante desfez-se ante a imensidão,
Fagulhas de mim fez romper a aurora e a alva emudeceu-me.

As gretas do olhar fez eclodir jardins floridos,
No canto do sorriso, junto ao muro da saudade,
Ali onde o silêncio denuncia o tempo que se foi,
Lugar onde anelante a alma desliza para o seu interior.

Meu ‘eu’ é como mariposa feita larva num casulo,
Mudança que demora enquanto o corpo se desfaz.
No escuro de mim, solidão do espírito que espera.Mera vontade de transformar o afeto em ato.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Vasto Mundo






O sol estava lindo entre nuvens cinzentas,

A moldura celeste convidava para o brinde do amor e da vida;


A terra dava o seu giro e eu no meu mundo,
Girava os pensamentos,

Em torno da lua que ansiava mostrar sua prata e bela face.


Mundo, vasto mundo que eclode na alma de quem sonha!


Mundo,
Pequena rua de jardins floridos nas janelas da alma;

Lugar de esperança e desejos lúdicos, imortais;


Às vezes eu sinto que minha alma é tão vasta quanto o mundo.
Tenra calma me domina na senda escura da noite.


Drummond tinha razão,


O mundo é vasto para o coração que anela.

Daqui do meu pequeno mundo o meu nome é: alento.


Conjugo o verbo 'amar', amando a vida



E desejando construir o mundo no qual sou apenas semente.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Cercas de Arames




O olhar transpassa a cerca desejando o mundo la fora.


Arames farpados, rígidos e frios impõem limites ao corpo.


Campo de Concentração é feito de cercas de arames farpados,


Mas a alma é feita de liberdade;


Ela quer migrar para longe do ferro que fere e faz feridas feias,


Foge, fortuita e flameja o espírito do ser oprimido sob o sol.



Arames existem para cercar, limitar e aprisionar.


A alma existe para ser leve, solta e eternamente bela.


Arames existem para oprimir, delimitar e deter.


A alma existe para amar, encantar e sorrir.


Cercas de arames e a alma não comungam entre si,


Não lêem a mesma cartilha,


Não conjugam o mesmo verbo,


Ou sequer falam a mesma língua.


A alma meu senhor, é feita de liberdade.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Nefesh Haiá



Os pés caminham sobre os trilhos frios de uma velha estação,

Onde dará o fim desta linha férrea?

O ferro funde o verso que viaja leve sobre rodas,
Poeira dissipada de uma estrada morta cujo destino esvaiu-se em lágrimas.

Furúnculo espremido em meninos que sofrem sozinhos.

É isso que somos nessa sociedade que incha a alma.

O trem já não passa por aqui há muitos anos,

Cansou-se da espera na estação das flores.


O ferro funde a vida que versa a história,
Estradas mortas para ruas lúgubres.
É isso que somos: Nefesh Haia: almas viventes.

Poesia É Fruto





A poesia é fruto que dá no pé de imaginação,
Suas folhas são viçosas e à sua sombra,
Descansa o espírito anelante.

A poesia é doce quando o paladar tem fome de vida,
Seu sabor excede aos de outros frutos
Das safras vindas de estações apropriadas.

A poesia tem caroço,
Semente que as palavras fertilizam os sonhos,
Entropia ao pé da árvore que renasce de si para si.

A imaginação é caule cuja seiva gera poemas floridos,
Somente os que têm alma de meninos podem ver suas cores,
Seu aroma e degustar seu sabor.

Poemas possuem cascas,
Em volta de si desliza o tronco que protege a força que sulca
Da terra a vida que eterniza o amor e os sonhos.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Ventania





Cabelos esvoaçam cobrindo a face enquanto as aves se aninham,

As ondas vindas de longe ferem as pedras com força singular
E no céu asas deltas coloridas viajam riscando o azul ao olhar sozinho.

As acácias vêm ao vento flutuar suas pétalas no ar do amor de ontem,
As roseiras sibilantes enaltecem o silêncio ao cair da última gota de orvalho.
A lua apenas assiste a rua em cujos pés os passos dos homens passam ligeiro.

Tudo passa de repente, pois o vento transporta aromas e coisas soltas,
Ventanias transportam sonhos nas montanhas dos ventos uivantes,
Ali onde o amor é apenas um gesto simples de um olhar singelo.
Ai onde o amor que a tudo transporta também passa,
Posto que é vento vindo das montanha da alma.
O amor é como ventania de iverno: não passa sem deixar-se notar.

sábado, 10 de outubro de 2009

Efëmeros




O tempo é uma locomotiva ansiosa,

Ruma ligeiro pelos trilhos da alma,

Verte a vida que desespera o dia,

Instila a fina flor do amor que sorve o ignoto.


A alma é estação que aguarda o som que vem de longe,

Lugar da espera, onde olhos marejando,

Vislumbram outros olhos que anseiam a retina ver,

Enquanto o tempo passa e a fumaça se desfaz no ar.


A fumaça é a essëncia das coisas e de tudo que se move á vista.

Mera distração enquanto a alma viaja no tempo e no trem da horas.

Doce ilusão! Nesse trem, somos todos passageiros! Efëmeros.

Nesses trilhos, percorre toda futilidade do ser que se apressa.


quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Depressão





Depressão meu senhor,


é sonho aprisionado.


é a alma que sofre refém do passado.