Eu amo a estrada porque sinto que amo o mundo.
Minha alma se refaz no encontro com o belo.
A beleza é como vinho doce bebido em taça de cristal.
Eu amo os sóis que nascem nas manhãs de todas as estações.
Mas dos sóis o que mais amo é o meu pequeno sol que aquece o inverno.
Por que digo que o sol é meu?
Porque sua luz me habita os sonhos.
Sou filho do vento e vôo por ai na aurora à luz do tempo.
Meus pés são alados como os dos serafins,
Vejo-me absorto por ai à procura da minha sombra.
Ainda vejo velhos marujos no meio dos mares,
Piratas, caçadores de aventuras nas neblinas das horas.
As horas aram a terra onde redemoinhos moleques brincam.
Hoje eu encontrei o sol e este me fez cantar a canção da saudade.
Sinto saudade do tempo em que pequeno eu era o sol.
Aliás, nessa vida eu já fui muitas coisas: vento, sombra, sorriso e lágrima.
Hoje o que me resta é o horizonte.
Estou sentado na pedra da espera.
Daqui os pássaros gorjeiam e voam em bandos.
Já não posso voar mais,
Aquieto-me enquanto os meus olhos seguem os macaquinhos serelepes
Que saltitam inquietos sobre os fios dos postes da minha rua.
Sem culpa,
Sem dívidas,
Sem ansiedade,
Eles simplesmente seguem sem se importar com o amanhã.
Segredam coisas,
Observam os homens e sequer se incomodam.
O sol está ali,
E daqui da minha janela eu, douro a pele sob os seus raios suaves.
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