quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Leveza















Uma canção ecoa distante, 
Mas a minha alma percebe-a tão perto.
A La Traviata de Verdi, 
Um convite à liberdade.


Caminhos se formam silentes sob meus pés alados.
Um misto de ternura e dor perfura minha alma.
Não sei definir o que sinto agora, só sei que é paz.
Verdi ainda toca e o verde lá fora me sorri faceiro.


O contraste da justiça? Covardia.
La Boheme destrava a La Traviata, enquanto flutuo solitário.
Minha alma pede o que não é espelho.
O que não é saudade. 


O vento sopra do outro lado da rua.
Que rua? Aquela que passa pela minha tristeza.
A rua onde mora o menino que me ajuda a dissipar a solidão.
Como isso? Soltando pipas por ai entre outros sozinhos.


Correndo na chuva e olhando para fora de mim, na mesma força como se para dentro.
Quem poderá entender o amor? A Inocência.
Não há lugar para o ódio no coração de meninos que soltam pipas.
Porque estes voam por ai! Enqunato estas voam no azul do céu!


Verdi arpeja o seu último acorde e minha alma ainda adeja ao vento.
A noite quebranta o olhar de quem partindo sacode a poeira dos pés.
A melodia mais profunda é a que se faz no silêncio. 
E viu Deus que era bom!
  

Uma Carta De Amor



Carta aos meus irmãos


Queridos irmãos, Roneibe, Roberval, Ronaldo e Romilda meus verdadeiros irmãos de sangue e coração. Saúdo-vos no amor de Cristo Jesus que nos manteve unidos, nas maiores dificuldades desta vida e nas mais diversas intempéries que este mundo pôde nos apresentar. Confesso que nestes últimos dias o meu coração tem andado partido devido aos eventos que dizem respeito à minha vida pessoal, porém, sobretudo, aos que se referem à nossa tão fragilizada família.
Os anos se passaram e a gente foi crescendo soltos pelo mundo e distantes uns dos outros. É certo que a nossa forma de criação, bem como o modo como nos fizeram enxergar a vida, não compôs em nós a melodia primaveril que norteia certas famílias pelo mundo afora, posto que, a nossa foi forjada a ferro e fogo na guerra constante de uma inóspita sobrevivência.
Aprouve a Deus separar-nos muito cedo, todavia, o pouco que vivemos juntos nos deu a possibilidade de nos sentirmos unidos de verdade um dia, mesmo que por um fino fio de prata que nunca se quebrou, quando foram quebradas as nossas expectativas, sonhos e emoções. Se de um lado a dureza do nosso pai nos quebrantava pelo sofrimento, do outro, o amor e as orações da nossa mãe nos mantiveram firmes quando nós nem sabíamos chamar por Deus.
Eu gostaria de poder descrevê-los como realmente o são para mim, mas temo que o meu já despedaçado coração sofra novamente com a lembrança e com o fato de que além das nossas vidas, nós fomos roubados de uma convivência mais profunda. Hoje tenho 41 anos de idade e me dou conta de que entre nós existe pouca coisa e o que resta, são fagulhas de um relacionamento tênue que, com o passar dos anos tem se tornado mais frio, mais distante e obsoleto. Temo não manifestar a minha tristeza agora e perdê-los para sempre.
Vivi e tenho vivido dias difíceis e sei, que na mesma medida, isso se dá com vocês. Entretanto, tenho pensado que o sofrimento nos tornou pessoas fortes, porém, frias e indiferentes, e chego até a imaginar que por conta disso, nos tornamos solitários e indefesos no mundo. É possível que a essa altura, muitas coisas já se tenham partido parcial ou totalmente nas nossas vidas, por conta dos nossos muitos traumas, lembranças doridas e vivências, não obstante, permitam-me dizer-vos, que o que restou em nós, deve-se ainda, ao bom depósito de orações que nossa mãe reservou ao longo desses anos, desde a nossa infância. Não quero com isto subestimar a vossa capacidade de sobreviver ante as agruras da vida, mas estou certo de que Deus nos poupou de coisas piores por amor a ela e vocês sabem do que estou falando.
Tornei-me adulto e nem me dei conta. Essa semana o choro de Tábatha, minha filha mais nova, fez-me reviver o que eu senti em mim a vida inteira, quando esta disse aos prantos, com sua face banhada de lágrimas:
“_ Papai eu não quero crescer”. – Confesso que não sei se entendi bem as suas razões. Perdido, tentando entender as dela, encontrei as minhas. Aquelas que me fizeram chorar por longos e solitários anos. Fiquei aflito e da minha aflição, decidi rever alguns valores; mas como fazê-lo sem que de alguma maneira incluísse vocês? Daí, pus-me a escrever-vos este texto que de maneira alguma quer representar um drama pessoal, afim de que vocês fiquem sensibilizados, antes, escrevo-vos porque sei o quanto a vida é breve e não estou certo se terei outra chance, ou mesmo, coragem para dizer-vos o que sinto dentro em mim. Eu gostaria de fazê-lo pessoalmente.
Grande parte da minha vida eu passei longe de todos vocês. Como filho mais novo dos homens, assisti a cada um de vocês de longe e do lugar da saudade. Eu confesso que sempre me orgulhei de tê-los como irmãos. Cada um com a sua característica. 
Ronaldo com seu jeito estorvado de ser, brigava com todos, mas era dono de um coração meigo, carente e zelador da nossa mãe. Roberval, firme como uma rocha, não escondia sua ânsia pela vida. Sempre o achei um verdadeiro mistério, dono de uma bondade agradável, eu o amei do meu jeito. Romilda era a minha sinfonia mais suave e eu queria protegê-la de todos os perigos do mundo. Acho que falhei na minha missão, haja vista a tudo que permiti que ela passasse devido a minha impotência. Roneibe, o meu irmão mais velho, era o meu orgulho; sempre o mais distante de todos, porém, passei a conhecê-lo quando convivi na sua casa por quase um ano. Tempo inesquecível. 
Todos vocês marcaram a minha vida de algum modo. Não me lembro do tempo que todos estivemos juntos sem tormentas ou desafios. O mar sempre foi bravio para nós meus caros. E todos nós vivemos consciente ou inconscientemente em torno da fé e do Deus de nossa mãe. Fé esta, que de todas as maneiras movera o braço Dele, a nosso respeito, para nos tornar pessoas de bem e finalmente, nos dar um sentido de vida e história que valesse a pena. Os nossos filhos precisam saber disto.
Daqui da janela da minha solidão eu vejo a vossa. No quarto escuro do medo eu guardei os meus segredos e sei que vocês, nesse sentido, em nada são diferentes de mim.
Perdoar o nosso pai no jardim de uma Praça de Campinas foi o caminho para resolver parte dos meus problemas emocionais, porém, Deus continuamente se encarrega a nos ajudar nas coisas que a gente não compreende acerca da nossa própria vida e mesmo naquelas que para nós ainda são inconscientes.
Desde que me entendi como gente, eu senti um forte chamado da parte de Deus para servi-lo e como vocês sabem, eu me apliquei a isto de coração. Eu não sei o que seria de mim não fosse Sua graça e misericórdia. Talvez eu não tivesse a mesma sorte que vocês. Fiz das tripas coração para que a minha vida trouxesse honra para a família e levasse a vocês mais profunda alegria e orgulho. Passei fome, dormi na rua, apanhei de pessoas, adoeci e me curei sozinho; chorei noites a fio em vários quartos escuros pelo mundo afora. Dormi em rodoviárias, fui humilhado muitas vezes, em perigos nas estradas e becos desta vida, noites sem dormir, enfrentei invernos frios, quantas vezes eu fracassei tentando trazer o pão para ajudar em casa, contudo era para vocês que eu olhava quando dizia a mim mesmo que valia a pena passar por todo aquele sofrimento. 
Passei a pastorear e um mar de novos e graves problemas desabou sobre a minha vida. Eu achava que eu era forte. Daí com o passar dos anos fui sofrendo outros níveis de golpes como traições, calúnias, perseguições, injustiças, ciúmes, invejas e tudo que um jovem pastor vive para tornar-se maduro. Eu fui somatizando a tudo isso, o que culminou no fato de eu fracassar na minha vida pessoal, no meu casamento, na relação com minhas filhas e com a família, no meu ministério e no ideal de ser um motivo de alegria e honra para vocês. Vivi dias terríveis, atravessei um deserto existencial sem tamanho, entrei em depressão, odiei o mundo e a mim mesmo, desejei a morte e fiz da minha vida um verdadeiro inferno. 


À medida que eu assistia a maneira como um jovem pastor estava sendo tratado por outros colegas e membros de igrejas eu deixei esvair a pureza do meu coração e a taça de cristal se quebrou. Não que eu não tenha encontrado pessoas boas agradeço a Deus por elas, mas vi a desgraça personificada, encarnada e eu mesmo fui me tornando parecido a tudo aquilo que eu mais odiava. Alguma coisa parece ter morrido dentro de mim e certo cinismo bem como uma dura frieza tomou conta do meu coração. Meu mundo de louças se quebrou. Eu pedi a Deus que me levasse deste mundo muitas vezes, todavia, como ele já estava acostumado com essa prece desde a minha mais tenra infância, acho que ele ignorou.
Assumi compromissos que me distanciaram totalmente da verdade que nossa mãe nos ensinou. Passei a insistir na tentativa de acabar com tudo o que eu acreditava e com tudo pelo que sempre lutei desde que me entreguei a Jesus, pois eu sabia que fazendo assim eu daria um fim na minha história de vida, uma espécie de suicídio moral e espiritual. O fato é que nessa frustrada tentativa meus irmãos eu os machuquei severamente. Quero que entendam que a dor que vos causei não parece em nada proporcionalmente à dor que eu trazia no peito e escondia de vocês para que de alguma forma pudesse dar um bom testemunho de Cristo a vocês, tampouco se assemelha à dor que passei a sentir depois de tudo.
Hoje sou alguém recomeçando a vida. Reaprendendo a andar. Reparando o altar e meus sentimentos. Confesso que viver com Jesus é a forma mais emocionante de vida, mas o que vi por onde andei, eu não desejo nem a vocês nem a ninguém de sorte alguma. Eu me senti escória deste mundo. Lamento por tê-los decepcionado e por ter me tornado, eu mesmo, o contrário de tudo aquilo que eu deveria ser para vocês. Se eu pudesse, eu apagaria a tudo isso da nossa história, mas não tenho como. Resta-me pedir-vos perdão pelo que não consegui ser, pelo que acabei me tornando e fazendo a cada um de vocês. Acho que posso tê-los ao menos como irmãos.
Tenho retomado a minha vida com Deus, pondo os meus pés sobre os trilhos do meu coração, pois, já andava distante de tudo, sobretudo quando achei que os havia perdido. Manoelita e as meninas têm me ajudado e participam deste processo, mas as pressões do contexto ministerial que eu vivo me empurram diuturnamente para longe de tudo o que eu chamo de caminho da lucidez. Tenho lutado para que no meu coração não floresça o ódio nem a amargura. Não tenho deixado o sol se por sobre a minha ira ou angústia. Deus tem me ajudado. Eu tenho assumido a cruz de Cristo em meu viver.
Algumas coisas ainda me inquietam, razões pelas quais parei para escrever-vos e assim passo a elencar o que ainda sinto.
Mãinha, o único elo que nos liga ainda está caminhando por findar os seus dias sobre a face da terra e quando isto vier a acontecer, ela passará a não estar mais entre nós, temo que nossa família se separe de vez. Quem de nós está preparado emocionalmente para esse tempo? Tenho orado a Deus sobre isso.
Sinto que abismos se abriram entre nós e nos separam contundentemente. Penso que tudo isso se deve ao fato de, além do nosso passado, minhas falhas acima confessadas e a nossa dificuldade de perdoar, porém listo como a pior delas, a nossa total ou parcial indiferença com a herança espiritual que recebemos da nossa mãe ao longo dos anos. E nisso me incluo também. Não vejo união nem amor acontecendo entre nós e desejo que esta carta nos desperte para um avivamento destes na nossa família.
Nossa relação familiar está frágil e nossos filhos estão ficando sem herança espiritual. Estamos repetindo os erros dos nossos pais. Nós criamos os nossos filhos separados uns dos outros e longe de Jesus. Eu gostaria muito que isto mudasse a partir de mim com esse pedido explicito de perdão. O que nos une é maior do que o que tenta nos separar. Todas as famílias do mundo têm problemas, mas, ás vezes, eu sinto que além de termos problemas, não temos família. Nossos cônjuges, filhos, nem nossos afazeres não podem ser o motivo da nossa separação. Nossas diferenças também não, tampouco as nossas feridas.  Como faremos para que o passado não nos atinja mais?
Quero confessar o meu amor por vocês e meu ardente desejo de que um dia todos nós vivamos aquilo pelo que nossa mãe lutou a vida inteira, tentando manter-nos nos caminhos do evangelho do Senhor Jesus Cristo. Meus irmãos vocês podem acreditar, eu bem sei o significado de viver perto e longe de Jesus. Tenho orado para que toda maldição familiar seja quebrada da nossa parentela e de sobre nós.  
Eu desejo que este texto seja lido e compreendido como a minha mais tenra expressão de amor, pois aqui vai nestas poucas linhas o meu mais profundo pedido de perdão pelos meus fracassos, falhas e desapontamentos. Eu sei que o meu Senhor Jesus já me perdoou, espero que vocês consigam fazer o mesmo. Quanto a vós eu tenho a esperança de vê-los na plenitude de Cristo e quanto a mim, consolo-me com a consolação que Deus consola os seus: “A sua graça me basta”.

De quem muito vos ama.

Robério Santos Jesus seu irmão mais novo.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Aviso



Oi pessoal agora vocês podem ouvir mensagens minhas no seguinte endereço:

http://www.youtube.com/user/PrRoberioJesus#p/a/u/2/-qbujkEkOtM

Clique e se delicie.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Quero Tocar o Sol


Hoje está tudo neblinado em mim.
Os versos não vêm e minha alma caminha com um pastor em Andaluzia.
Tudo parece parado e uma ponta de angústia esgueira-se nos escombros de mim.
Sinto-me castelo desabrigado,
Espelho sem imagens e ruas desertas de outonos frios.

A névoa arrasta as folhas secas caídas de árvores amareladas.
Como um menino desejo tocar o sol, amarelo-ouro.
Minha “Lenda Pessoal”, como disse Coelho, é minha fantasia.
Meu sonho é seguir as gaivotas em vôos longínquos.
Eu anelo as coisas impossíveis visto que as possíveis se exaurem.

Não sei por que os poetas almejam os sóis.
No sol abrigo minha alma de sonhos,
E o menino em mim corre saltitante por ai.
O sol desnuda a noite enquanto sua luz clareia os olhos.
Longe do sol tudo é escuridão e o os olhos ficam opacizados.

A luz do meu olhar espera o sol e este é puro anseio de um olhar.
Sou solstício em manhãs de aromas de flores primaveris.
Quero do sol a luz, a cor e o douro do olhar.
Quero o calor que aquece a pele e de quebra sua sombra ao mar.
Não quero nada além da vida que em esperança nutre o amor.

O que quero é tão pouco.
Eu quero é paz, alegria e uma porção de sonhos.
Os sonhos dão sentido ao mundo e se há vida, há sóis para serem vistos.
Quero o sol nas montanhas,
Nas campinas, nos vales e onde quer que o amor em mim possa brilhar.

Do meu mundo eu avisto o sol.
Sou ternura que cavalga ao lado de ribeiros que despencam abismos.
Temo a noite quando a lua é minguante.
Minha alma ama a lua quando cheia que declara o sol que brilha intenso.
Temo o lado escuro da lua ou sua face oculta quando oculta o sol.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Viver é Possível - DICADO AOS 50 ANOS DE JOSÉ CARLOS LINS - 18/11/10




Vinte e cinco anos se passaram e ontem um amigo completou cinqüenta.
Vê-lo envelhecer, me fez pensar o quanto a vida é breve.
Breve é o tempo, como breves são as amoras.
Breves são os sorrisos, mas não sei por que as lágrimas se eternizam.

Enquanto os meus olhos o viam, eu me vi.
Vi-me menino, sem perder de vista o adulto que sou.
Eu aprendi que os homens são feito uvas verdes: amadurecem com o tempo.
Vê-lo foi recordar da fragrância de uma infância destilada em afeto.

Ontem um amigo de meio século viu-me, há vinte e cinco anos distantes.
O que vêm os amigos? Que lembranças guardam de si e de nós?
Como imaginam que são vistos? O que sentem, pensam ou desejam?
Não sei dizer, só sei sentir.

Os amigos existem para passarem gerações como cúmplices da beleza.
O que é feio não deve ser lembrado.
Apagamos a tudo o que torna-nos desprezíveis. Esquecemos.
Amigos são indulgentes, porque sabem que a vida é um fardo que pesa na alma.

Erasmo de Rotterdam define o esquecimento da velhice como um retorno à infância.
O delírio de um, habita no repouso do outro.
O velho e a criança se fundem no fim da vida.
O Esquecimento é uma benção quando nos redime das lembranças do passado.

O que eu preciso esquecer? Como não lembrar o que preciso olvidar?
As cãs brancas, as rugas e o corpo já esgotado pelos idos anos.
O que a minha simples presença o fez lembrar?
No fundo, eu queria avidamente lembra-lhe que não se esquecesse do começo.

No começo da vida somos todos idealistas, sonhadores e amantes da vida.
Na maturidade declinamos e uma sutil tristeza se avizinha para ofuscar o riso.
Daí o que resta é um pessimismo brando e uma amarga contagem regressiva.
Mera distração de uma alma que finita se desfaz enquanto se desfaz do corpo.

Os animais não possuem consciência de um fim do ciclo vital,
Por isso, não sentem medo, fobia, ressentimentos, fé ou culpa.
O meu amigo e eu éramos ali, como os últimos moicanos numa terra sem lei.
Só eu podia testemunhar que sua existência fora feita de milagres.

Eu gosto dos amigos porque eles envelhecem juntos.
Eles também preparam o mundo dos filhos à medida que deixam laços do amor.
Hoje tenho quarenta anos, mas desejo soltar pipas por ai.
Quero escrever poemas, livros, fazer canções e viajar pelo mundo.

Quero envelhecer com alma de menino visto que, quando menino eu possuía alma de adulto.
Quem sabe a vida me premie com jardins floridos,
Sorvetes de morangos e muitas paçocas de amendoim.
 Eu quero esquecer; esquecer, simplesmente esquecer e amar, amar e amar.

Quero que as minhas filhas saibam que eu fui um Benjamim Button na alma.
Quero morrer sem medo, porque tive coragem de viver.
Quero assumir minha fé, mas repousar no amor a vida que construí.
Quero seguir minha estrada, caminhando e cantando e sorrindo à canção.  
 
Ontem um amigo me fez lembrar que viver é possível quando o amor é possível.

Do Que É Feito O Amor?



A aranha tece o fio da teia que constrói seu sonho no v de um vão.
Lá fora, a lua inerme faz o espelho d’água pratear o lago.
A noite veste de escuridão a vida outrora verde, antes do azul partir.
Grilos pulam e encantam enquanto cantam à luz de vaga-lumes ébrios.

Se o sol não vem, de uma espessa sombra surge o opaco manto que reluz estrelas.
Os sapos coaxam sob a brisa suave que prateia a lua que pranteia o sol.
Lá fora em algum lugar a minha alma habita outras almas.
Porque em mim habitam mundos e constelações de almas iridescentes.

Visto o meu ser com a noite quando choro a aurora que não veio.
Minha estrela-cadente mergulha veloz a alma infinda do universo de amores findos.
Seca-se a roupa no varal, mas não sossega a dor de pés que trafegam labirintos de espelhos.
Sinto-me cometa que acomete espaços siderais de pensamentos cálidos.

A cigarra canta sozinha no caule do umbuzeiro.
O que canta a cigarra que não canta minha alma à sombra de uma flor?
Canto o canto da esperança no canto contida por mimetismos serenos.
Do que tem medo a minha alma? Ela teme ser esquecida. O ostracismo meu senhor!

Do que é feita a alma? Será de sonhos?
Do que é feito o mundo? Será de ilusões?
Não sei dizer. Só sei que se o sol se for morre em mim a luz.
A alma e o mundo se completam, são meras distrações.

A aranha continua ai no mundo tecendo espaços.
O sol dá o seu giro e eclode em luz que ilumina o lago outrora prateado.
A cigarra ainda canta e o vento no varal faz coaxar batráquios.
Quanto a mim, como os outros, sorvo o mundo e na alma vivo sonhos e ilusões.

Seria isso a escuridão que veste a noite quando o sol não vem?
Não sei do que é feita a noite,
Mas sei do que é feito o amor que doura a vida.
O amor meu senhor, é feito de centelhas da eternidade.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Comedores de Carcaças



Desde pequeno que a flora e a fauna me encantam.
Entretanto, há nelas certos seres que não me enchem os olhos. 
Eu gosto muito dos beija-flores, mas não muito dos morcegos.
Gosto das flores e detesto as macegas.
Gosto dos esquilos, mas não sou fã dos ratos.

Eu não gosto das hienas.
Sou obrigado a respeitar seu território.
As selvagens nunca me fizeram mal algum para que as rejeite.
No entanto, repugno as citadinas, aquelas que devoram as vísceras de presas indefesas.
Prefiro leões, tigres e crocodilos à hienas risonhas.


As hienas são feitas de feiúra, mau cheiro e andar manquejante.
No reino animal elas não gozam de boa reputação,
E menos ainda para mim porque são plasmadas por seres humanos.
Mesmo assim, tenho encontrado várias nesse mundo de meu Deus.
Elas estão disfarçadas com colarinhos brancos, ternos, gravatas e cromo-alemães na selva que fazem da vida.


Quero definir as hienas embora não aprecie fazê-lo.
Tais criaturas pertencem à família Hyaenidae, de ordem carnívora.
São de uma ligeira semelhança com a raça canídea (os cães).
Porém, diferente desta, possuem uma assimetria ridícula e fantasmagórica.
Elas são cabeçudas, acho que por isso não são velozes.


No entanto, são resistentes e podem perseguir sua presa por quilômetros a fio.
Essa raça de bicho não vive isolada nem solitária, gosta de aproximação.
As hienas são gregárias. São notívagas.
Gostam das sombras e de coisas sombrias.
Entretanto, ilude-se, porém, quem pensa que elas só agem quando o sol se põe.
Estão sempre ativas durante o dia.


Não há tempo ruim para esses seres que se riem de tudo.
As hienas são de hábitos incomuns entre os mamíferos.
Suas sociedades são governadas pelas fêmeas.
Eu pensava que isto deveria torná-las mais dóceis.
Contudo, seus hormônios masculinos elevam sua agressividade.

Meu caro leitor sabe quanto dura a gestação de sua majestade, dona hiena?
Quatro meses! Isso mesmo, quatro meses em duas crias por ano.
Que bom que a natureza não permite a sua ampla proliferação.
Tem sorte de sua "beleza" não facultar sua extinção. 
o fato é que hienas existem ai onde os leões existem.
Elas são uma espécie de sombra maligna nos passos dos felinos.

Para onde vão os leões, estas seguem suas pegadas.
Os leões são seres livres. Caçadores de presas vivas.
Todavia, ao caçá-las, comem-nas dominadas e mortas. 
Não possuem traços sádicos como suas rivais.
As hienas sobrevivem de carcaças e de cadáveres.
Não obstante, quando raramente caçam,
Preferem suas presas ainda vivas; devoram-nas a sangue frio.


Os leões são exímios caçadores.
Hienas sobrevivem e contentam-se com sobras. 
Vivem de restos de leões.
Mas, é à sombra dos mesmos que estas respiram.
Elas não sabem sua existência longe do espaço das ossadas. 
Comem migalhas de farras leoninas.


Eu fico imaginando que estas bestas ruins são urubus na alma.
Abutres em corpo de hienas.
Só não voam e tampouco possuem bicos,
Mas saboreiam a carniça deixada para trás por leões fartos.
Hienas não perseguem suas presas, seus sonhos culinários.
Vivem farejando pegadas da realeza da selva.


Elas não se sabem fracas. 
Elas são inescrupulosamente covardes e amam o fisiologismo.
São frias e calculistas. É fácil identificá-las assim que se avista uma.
Há hienas na política, nas repartições públicas e nos templos por toda parte.
Como eu já disse: estão em volta dos mais fortes puxando pedaços da vítima para si.

Como certos homens, as hienas são mamíferos de poucos afetos.
Hienas não amam. São egocêntricas. Em geral são frouxas.
Quase tudo numa hiena é indefinido como indefinido é um traidor.
Hienas vivem às escondidas. Entre escórias.
Caminham na calada da noite e cochicham coisas perigosas na escuridão.

Sua cor tem um tom marrom-escuro, nem é um nem é outro.
Seu sexo é confuso como sua natureza mordaz.
O clitóris da fêmea é semelhante ao pênis do macho. 
Acho que por causa disto foram tidas como hermafroditas por longos anos.
Entre os leões não há isto, leão é leão e leoa é leoa como manda o figurino.

Os leões defendem a sua prole.
As hienas nascem com os olhos abertos e seus dentes inteiramente afiados,
Cortantes feito navalhas no abate.
Ao nascerem, duas fêmeas se devoram.
Uma não resiste a idéia da existência da outra.
Lutam até que só reste uma, a mais forte.


Hienas trazem do berço sua asquerosa maldade.
Estas não suportam a concorrência limpa e honesta, tampouco a transparência.
Diferentes dos leões, não sabem viver sem uma risadinha de canto de boca.
Hienas sabem caçar bem verdade, mas preferem o lucro fácil.

Como os demais bichos, hienas precisam do divã. Quem sabe o de um pet shop.  
estas se recusam, pois não conseguem ver feiúras em si mesmas: narcisismo de  hienas.
Vivem de imagens (falso self) por identificação-projetivas, 
Advindas do objeto imaginário do desejo: leões idealizados.
Em tese, as hienas temem deparar-se com sua dor mais profunda na foraclusão.

Tudo que uma hiena deseja, no fundo, é a atenção materna.
desse modo, ocorre-me alguns lampejos de uma possível "psicanálise canina".
E assim, parodio o poeta: "um líder-hiena acha feio o que não é espelho".
Hienas preferem uma vida fora de riscos, além de desejarem parecer tão belas como as leoas.
Mas, isto é, nelas é uma necessidade instintual, e, portanto, inconsciente.
Se as hienas soubessem notariam que o estômago não é tudo, tampouco as imagens, mas elas não sabem.

Tenho notado que alguns leões não se importam em serem seguidos por hienas.
O fato é que, na verdade, elas existem para limpar o trabalho sujo dos leões complacentes - seu alterego.
Certos leões não toleram hienas.
Os verdadeiros leões não gostam de presas fáceis nem de restos mortais - cadáveres da cadeia alimentar.
A vida me fez notar certos leões se parecem à hienas; acho que pelo convívio.

Tipo, “diga-me com quem tu andas que eu te direi quem tu és”.
Leões só se parecem com hienas apenas quando domados nos circos da vida.
Como teólogo, eu aprendi que há LEÕES e leões.
O diabo, por exemplo, é domador de leões que tenta transformá-los em hienas.
O engraçado é que este imbecil que é hiena vestida de leão, quer converter leões em hienas.

Transportando a diabolicidade, própria da sua natureza, para as suas domesticações - suas crias.
Por serem covardes, as hienas vivem em clãs de até quarenta predadores. 
Não sei qual a razão disso me fazer lembrar o Alibabá.  
Hienas não caçam, nem andam sozinhas. Quando o fazem, imitam os lobos:
São sutis, espreitam, observam e raramente atacam em emboscada.

O “cão”, o “coisa ruim” sofre de hienice aguda é um tipo de surto psicótico que o faz pensar ser leonino.
Anda como um leão.
Pula como um leão. 
Ruge como um leão, mas é hiena.
É fácil escutar seus risos quando se esgueira sobre leões fartos ou vencidos.
De fato, este não pode ser leão, pois é hiena na essência e ante o espelho.

Sabe qual a obsessão dessa Hiena? Ser como o Grande Leão um dia.
O sonho de toda hiena é ser leão um dia.
Sem chance! Isso não é possível, pois em certos territórios há um só Leão.
E em certas tribos não cabem mais de um totem.
Tentaram domar um Leão há dois mil anos atrás, mas não foi possível.

Ele preferiu a morte que tornar-se objeto lúdico de picadeiro dos poderosos.
Ele não venceu as hienas pelo parecer ser, mas o fez por ser essencialmente o que era: Leão.
Tornou-se presa de hienas, pois há leões que morrem quando atacados por bandos de hienas.
Diga-se de passagem, foi o filho de uma hiena que O traiu.
As hienas também têm crias. E estas ainda vivem por ai à soltas.

Certos leões matam hienas e não misturam sua ninhada.  
Onde houver um leão domado, ali haverá a negação da natureza leonina plena.
Os circos existem para leões que se esquecem de si e de sua natureza felina.
Às vezes o Estado é um circo,
O sistema político-econômico é um picadeiro onde leões domados brincam de selvageria.

Empresas, templos e sistemas religiosos às vezes possuem dimensões circenses.
São clausuras de leões domados que deixam de viver o que nasceram para ser: livres.
Leões livres são leões que caçam.
Leões não roubam presas, hienas sim, leões perseguem seus sonhos.
Há líderes que são hienas e líderes que são leoninos.

Hienas possuem estômagos monstruosos, comem de tudo.
Quando os leões não deixam restos Incluem no cardápio as suas próprias fezes.
Sua degustação é surreal.
Os leopardos possuem a melhor e mais sofisticada tática de caça,
O guepardo é o mais veloz,

Os leões atacam em grupo,
Os tigres abatem as presas maiores,
A onça pintada oferece a dentada mais violenta.
Porém, as hienas são horripilantes, covardes e preguiçosas.
Há pelo menos cinco categorias de alvos de uma hiena,

Os espécimes mais jovens, porque sabem pouco da vida e de defesas;
Os velhos, porque já estão esgotados;
Os doentes, porque estão feridos,
Os moribundos, porque já estão derrotados e, finalmente,
Os mortos, onde revelam sua natureza abutre e se deleitam às escondidas.

Mas, comumente hesitam em atacar animais fortes e sadios.
Ainda me perguntam por que odeio a hiena nas pessoas?
Hienas são carniceiras, facínoras e dissimuladas.
Elas possuem fissuras no caráter.
Líderes, chefes e patrões hienas são oportunistas, roubam a caça abatida por outros predadores.

Suas mandíbulas andam afiadas para extorquir o direito dos outros.
Chegam a devorar até os ossos, pois seu ácido estomacal permite.
Líderes hienas são maquiavélicos.
Esfacelam a carne de seus liderados enquanto riem.
Nem sempre o riso é sinônimo de bem-querência.

Há que se interpretar o riso. Hienas riem sem amar.
A sorte das hienas é que minha rejeição não interfere na continuidade da espécie.
Quero deixar uma mensagem para os desavisados que passam por este caminho,
E um lembre aos que já conhecem a estrada:

CUIDADO! HIENAS À ESPREITA.


quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A Verdadeira Amizade

 


Não sei como começar a escrever este poema,

Sei como sentir o que fomenta sua existência.

Sou um homem de poucos amigos,

Mas quando os tenho, sou amigo de verdade.

Certo dicionarista define amizade como sendo,

Um “afeto que liga as pessoas”.

Se isto for verdade eu tenho menos amigos do que eu mesmo imaginava.

Se a palavra afeto significar carinho, logo meu grupo de amigos fica menor ainda.

Carinho é um sentimento que as pessoas possuem quando desejam o bem do outro.

O bem não pode ser restrito apenas a um sentimento,

Na amizade o bem se transforma em prática.

Prática é uma espécie de ação movida por atitudes movidas pelos sentimentos.



Sendo assim, ao julgar as ações dos que se diziam meus amigos,

Eu descobri que andava ladeado de inimigos e não sabia.

Judas beijou a face de Jesus e deu-lhe afeto.

Expressou-lhe carinho numa atitude prática que parecia querer-lhe o bem.

Jesus o chamou de amigo.

Mas amigo de quem Judas era?

Ou Jesus falava de si mesmo, de seu sentimento por ele,

Ou ignorava o que o TRAIDOR fazia às escondidas.

Ou ainda, Jesus insistia em não apagar a imagem do começo.

Os Judas existem porque os amigos existem.

Os Judas existem porque são como erva daninha: 


Se multiplicam, crescem rápido, são plurais e você os encontra em qualquer esquina. 


Em tese os Judas não são amigos, são especialistas em beijos na face.

Os Judas Modernos beijam, pois beijos são afetos dados na intimidade,

Os Judas são falsos amigos, estão ao lado, mas não do mesmo lado.

Carregam a bolsa e até discursam sobre nardo derramado de vasos de alabastros.

Eles possuem aparência de generosidade quanto aos pobres. 


Pobre de quem acredita! Eles são o fim em e de si mesmos.

São aplaudidos, sorriem constantemente, mas instilam veneno.  


São como a Hidra em seus relacionamentos. 


De faces não entendem só porque beijam, mas porque possuem várias.
  


No fundo eles só querem o bem de si mesmos,

Não se importam se o amigo será crucificado ou morto.

Os Judas são fissurados por PODER, DINHEIRO e GLÓRIA.

Insulflam conflitos, agem por fisiologismo, adoram elogios e tapinhas nas costas. 


Lull tinha razão, são velhas raposas disfarçadas no galinheiro, lobos entre cordeiros.

O que devo pensar da amizade?

Um amigo se doa, dá sua vida, é cúmplice.

Um amigo é justo, corrige em amor, não escamoteia.

Um amigo reparte as poucas moedas que possui, acolhe.

Chora junto, levanta o outro na fraqueza.

Diz a verdade, olha nos olhos, confronta e mostra o caminho.

Não se vende, nem vende o outro, nem dissimula.

Dizem as Escrituras: “Mais vale um amigo próximo que um irmão longe”.

E ainda: "Há amigos mais chegados que irmãos".




Os Judas possuem uma característica comum,

Todos são DIABOS. Foi assim que Jesus os definiu.

E por natureza o Diabo é um gênio do mal, enganador e sub-reptício.

Os Judas parecem ser tão próximos que Jesus disse: “O traidor é o que mete a mão comigo no prato”.

Não sei definir a amizade, só sei ser amigo.

Os meus inimigos sabem que têm em mim um amigo.

Um amigo, eu imagino, não deixa o outro entre abismos.

Um amigo se importa, cuida de tudo o que é o outro.

Ama a família, não o abandona e sequer faz-de-conta.

Um amigo não fala mal, põe-se como escudeiro. 


Não encobre os erros, mas protege do perigo e aplica a justiça em amor.




Não haveria a cruz do nazareno caso não houvesse o Judas: o traidor.

Não haveria o Judas caso não houvesse as trinta peças de prata.

Não haveria suborno caso não houvesse os sacerdotes.

Não sei porque os sacerdotes estão sempre ligados a comprar e vender alguém ou coisas.    


Deve ser pelo fato de estarem relacionados com ofertas e sacrifícios queimados: holocaustos.  


Não haveria o beijo na face caso o traidor não se vestisse de irmão numa amizade velada.

O fato é que Jesus não ressuscita para Judas, mas morre por causa dele.

Os Judas terminam sempre enforcados em ACELDAMA: campo de sangue.

Os campos comprados por suas famigeradas moedas são os mesmos que os sepultam.

Os amigos vivem para sempre, porque a amizade vale a pena.

Eles ressuscitam e seguem para a Galiléia, ao lugar do reencontro.

Dificilmente queremos reencontrar a quem vendeu o seu lugar entre os doze.

Porquanto amigos não se vendem nem por pratos de lentilhas.



Sabe mesmo como defino amizade? Como o Galileu a definiu:

“Eu já não vos chamo mais de servos, porque os servos não sabem o que faz o seu

Senhor; chamei-vos amigos, porque tudo quanto ouvi do meu pai vos dei a conhecer”.

Na verdadeira amizade segredos não são instrumentos de morte,

Não há escravidão nem se vive do sangue do outro, visto que amigos não são vampiros.


O saber sobre o outro não é um cadafalso para a morte,

Entre amigos, segredos são caminhos para justiça e paz.
 


Caro leitor já que conseguiste chegar até aqui neste poema,

Tenha cuidado de si mesmo. Seja amigo de si mesmo.

Canja de galinha e um pouco mais de reservas nas suas amizades não faz mal aos olhos.

A verdadeira amizade? Existe, bem ali onde os Judas existem.

Onde os Cristos ainda são beijados nos jardins junto à serpente.


Eles precisam existir, pois de que outra forma conheceríamos pessoas peçonhentas? 



Lembre-se, há sempre alguém neste mundo por quem se valha a pena viver.

Não há só Judas entre os doze. Os Judas não duram para sempre.

Eles dão lugar aos Matias (homem de Deus) da vida.

Os Judas depois de matar o amigo – objeto de seu ódio inconsciente ou não,

Suicidam-se, visto que não suportam a dor imposta amigo pelo silêncio do amigo.

A natureza não dá saltos. Vigora-se nela a lei do retorno.


Até a sociedade celebra os Judas de forma clássica:

Pendura-lhe na forca e depois de bater-lhe muito, queima-o.



Todos nós sabemos que os Judas têm vida breve.

Ninguém os fere, eles mesmos causam o seu próprio óbito.

Depois de contar nos dedos, escolha alguém para amar,

A despeito do mal que possa causar-te.

A amizade é uma necessidade dos homens.

Tenha amigos e não descuide, seja amigo de verdade para alguém.  

A amizade é pão que se come acompanhado do chá de tília em invernos frios.

A amizade é perfume que exala o amor quando a primavera viceja nas montanhas.

É bálsamo que umedece a pele sarando feridas abertas dando-lhe refrigério.

É canção de amor entoada no entardecer.

É finalmente, um lugar onde a gente não precisa das máscaras. 


A amizade é um lugar onde se pode amar.