Hoje eu acordei pensando a vida e me deparei com o silêncio.
Um som que vem da rua me dá asas para sair por ai alhures: o crepitar das folhas.
Ao fundo eu ouço o Divine tocar seu saxofone encantador: Due Season.
Divago em mim e meu mundo se torna ignoto.
Uma melodia se faz ouvir enquanto da vidraça estilhaçada recolho os cacos.
A minha alma parece ricochetear nas paredes dos meus sentimentos.
Como ondas do mar minhas emoções oscilam,
Ora estou forte, ora me sinto fraco.
Sinto-me gestando mundos desconhecidos.
Da angústia espero ver o broto de uma flor que vence o tempo.
Amo as flores quando vicejam nas manhãs de sóis brandos.
Algo em mim espera o raiar do dia.
Como será a luz depois da aurora?
O alvor do vento dissipa em mim a alma ansiosa.
E na estação apropriada eu descansarei a minha espera.
Eu sei que há um caminho à espera dos meus pés.
Às vezes eu penso que sou eu que faço os caminhos,
Entretanto, logo descubro que estes já estão feitos,
E assim, viver, para mim, se torna a simples façanha de encontrá-los.
Há caminhos entre as árvores, nos bosques.
Há caminhos nos desertos, na areia.
Há caminhos nas planícies, nos prados.
Há caminhos vivos e caminhos mortos.
Há caminhos no coração, no mar e no céu: nas estrelas.
Há caminhos que se cruzam e caminhos paralelos.
Há pés para todos os caminhos e caminhos para todos os pés.
Há muitos descaminhos nesse mundo de meu Deus.
Eu estou aqui parado, numa encruzilhada.
Não me apavoro, pois quem me mandou esperar disse-me: “Eu sou o Caminho”.
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