quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Caminhos Para Os Pés




Hoje eu acordei pensando a vida e me deparei com o silêncio.

Um som que vem da rua me dá asas para sair por ai alhures: o crepitar das folhas.

Ao fundo eu ouço o Divine tocar seu saxofone encantador: Due Season.

Divago em mim e meu mundo se torna ignoto.

Uma melodia se faz ouvir enquanto da vidraça estilhaçada recolho os cacos.

A minha alma parece ricochetear nas paredes dos meus sentimentos.

Como ondas do mar minhas emoções oscilam,

Ora estou forte, ora me sinto fraco.

Sinto-me gestando mundos desconhecidos.

Da angústia espero ver o broto de uma flor que vence o tempo.

Amo as flores quando vicejam nas manhãs de sóis brandos.

Algo em mim espera o raiar do dia.

Como será a luz depois da aurora?

O alvor do vento dissipa em mim a alma ansiosa.

E na estação apropriada eu descansarei a minha espera.

Eu sei que há um caminho à espera dos meus pés.

Às vezes eu penso que sou eu que faço os caminhos,

Entretanto, logo descubro que estes já estão feitos,

E assim, viver, para mim, se torna a simples façanha de encontrá-los.

Há caminhos entre as árvores, nos bosques.

Há caminhos nos desertos, na areia.

Há caminhos nas planícies, nos prados.

Há caminhos vivos e caminhos mortos.

Há caminhos no coração, no mar e no céu: nas estrelas.

Há caminhos que se cruzam e caminhos paralelos.

Há pés para todos os caminhos e caminhos para todos os pés. 

Há muitos descaminhos nesse mundo de meu Deus.

Eu estou aqui parado, numa encruzilhada.

Não me apavoro, pois quem me mandou esperar disse-me: “Eu sou o Caminho”.

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