sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Eternidade!




Por causa do tempo eu me sinto órfão da eternidade.
Algo em mim agita o mundo ao meu redor e minha alma ansiosa claudica.
Sinto certo medo quando a espera é a única opção.
Como menino que persegue um reflexo buliçoso de luz de espelhos irrequietos,
Nas paredes, assim, eu percorro ruas frias sob escadas íngremes de edifícios sombrios.
A eternidade perpassa o tempo. Na eternidade nada morre além do tempo.
Transcender o tempo é sua vocação.
O que seria um mundo sem morte e sem saudade?
Um mundo onde as coisas não envelhecem?
Os meninos serão para sempre meninos?
Os velhos serão sempre velhos?
Ou tudo será transformado em jovialidade.
Se assim for, os velhos não existirão.
As flores não nascerão mais.
Tampouco a lua e as estrelas serão necessárias.
Já não haverá poemas de amor, nem canções de trovadores mariachis.
Estes se dizem os cancioneiros dos eternamente apaixonados.
Não sei definir plenamente a eternidade.
Lá não haverá perdão, pois já não haverá erros.
Não haverá a ternura do nascimento.
Não haverá bebês, tampouco o nascer e o pôr-do-sol.
Foi Rimbaud quem disse sobre ela: “Ela foi encontrada!
Quem? A eternidade.
É o mar misturado
Ao sol”.
Na eternidade não haverá mais vento.
Para que o vento se espíritos não empinam pipas?
Não haverá casas, nem dormir, nem acordar, nem janelas para abrir.
Tampouco haverá lajes para subir e empinar papagaios coloridos.
Fico pensando numa eternidade sem algodão-doce, sem maçãs do amor,
Ou sem calda de caramelo e chocolate raspada,
Na forma de sobra de bolos feitos na cozinha ao pé do fogão,
Lambendo-se os dedos e lambuzando-se a face.
Eu queria uma eternidade onde houvesse jardins floridos;
Abelhas zumbindo, beija-flores parando no ar e perfume de azaléias,
Onde Deus passeasse no declinar do dia ao som das aves.
Eu temo muito a idéia que os cristãos pintaram da eternidade.
Todo mundo vestido de branco, roupas longas, cantando num coral de anjinhos.
Não tenho nada contra os anjos, acho até que vê-los é encantador.
Mas sofro em pensar num céu sem vaga-lumes.
Sem cantar de grilos, do galo ou sem estrelas cadentes.
Por que o Criador nos esterilizaria assim?
Os teólogos deveriam aprender o ser poetas.  
Os poetas não sabem o mundo sem as flores, os mares e as marés.
Há alguma coisa definitivamenete errada no discurso dos teólogos,
Estes cristalizaram o céu e engessaram a eternidade.
O Deus da Bíblia é fazedor jardins.
Ele é lavrador, agricultor e gosta de mexer com a terra.
Tudo começa como um conto ligeiro.
Um poema sentido e recitado.
Até Adão antes da queda era poeta:
“Esta é agora osso dos meus ossos e carne da minha carne”.
O Diabo foi o primeiro teólogo segundo a narrativa bíblica:
“Não é assim que Deus disse?”.
Seu funesto curso de teologia deu no que deu: a morte da poesia.
E fomos nós seus alunos, que criamos cardos e espinhos.
Até a natureza anela pela sua redenção.
Se Deus vai fazer novas todas as coisas,
Então, entendo que a terra vai voltar a ser seu jardim fechado.
Eu prefiro o cheiro da terra vermelha a ruas de ouro e muros de cristais.
Não tenho nada contra o ouro, tampouco contra os cristais.
Mas que vida florescerá num lugar assim?
Amo as cachoeiras, o cantar das aves e barulho da natureza.
“Porque Deus amou o cosmo de tal maneira que deu seu Filho unigênito,
Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.
O texto sagrado diz que ele amou o cosmo,
Essa casa que nos habita e que habitamos nela.
O mundo. Palavra cujo sentido é multidiverso, poliforme e plural.
Os poetas amam o mundo de tal maneira que o descrevem com o brio da eternidade.
Os teólogos são frios, burocráticos e dogmáticos.
Os poetas são amantes da beleza e são eles que deveriam definir a eternidade.
Na poesia até a morte é leveza.
É na alma do poeta que reside a eternidade.
O poeta é aquele que sente a eternidade e dela participa na ambiência do tempo.
Somos todos phoemas de Deus.
Deus é poeta e não teólogo.
Se a história é prosa, a eternidade é poesia.
É na poesia que o efêmero e o eterno se fundem.
Dialogam e fecundam o Cristo.
O Cristo é verso, Palavra de Deus; verso de um poema fecundo dos dois mundos.
Sou poeta porque me revisto da eternidade no amor às palavras.
Os poetas amam e por isso são eternos.
Os teólogos são superados, esquecidos e zombados.
Os poetas são aqueles que sibilam e ecoam na fenda entre os dois mundos.
Sabe como eu defino a eternidade?
Uma gota de orvalho escorre sobre uma pétala.
Faço profundo silêncio. Psiiiu! Silêncio!
Deus está vindo, escutem-no amando o mundo!
E Deus logo me faz enxergá-lo no passeio exuberante de fins de tardes,
Na viração do dia no éden que me habita.     







quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Estação!

 

O trem partiu à tardezinha e da janela um olhar me espreitava liquefeito.

O trem partia, mas o coração quedava cálido, emudecido e anelante na estação.

O Sol enternecia a saudade e sobre os trilhos ouvia-se a “Canção Da Despedida”.

Os pés pisavam as lágrimas que saltavam no vão entre a face e o chão.

A alma absorta via reluzir os raios de um Sol que entretecia a solidão sereno.



Lágrimas entre abismos de um corpo preso no fosso de lembranças vívidas.

Agreste eu me afogava no oceano dos meus olhos ao ver o aceno de quem partia.

O mar que inundava o olhar de quem partiu desaguou no porto da tristeza.

Para onde vão os trilhos quando os pés não querem voltar à mesmice das coisas?

Onde dará esta estrada de ferro onde linhas férreas ferem o ser que desliza ao léu?



Sob um chapéu de couro escondo-me à sombra de mim mesmo.

Será que o tempo me dará o amor que à aurora fez brotar amoras?

Por onde andará o amor? Seguiu no trem e fendeu-se ao tempo e ao vento?

Cingiu-se de lágrimas! Seguiu o horizonte de uma vida feita a ferro e fogo.

Não raro vejo o seu sorriso quando de braços abertos e olhos fechados ando sobre trilhos.



Eu moro numa montanha onde a chuva rega a flor da alegria.

Habito ao pé de uma estação: a das flores. Partida e chegada moram em mim.

A estação de onde se parte é a mesma para onde se retorna.

De onde nascem as lágrimas, brotam sorrisos e afetos infindos.

Toda estação é ambígua, o amor e a morte trafegam por suas linhas e túneis.



Onde estará o amor? Na estação! Está são? Não sei.

Ainda vejo sua silhueta. Sua alva luz ficou no meu olhar.

O trem que partiu ficou em minha retina, o caminho que vai dar no Sol.

Com o trem, partiu minha alma e parte de mim, vaga por ai sobre trilhos.

Anelo a poesia em versos, de canções com melodias feitas para quem fica.

Quem parte leva tudo. Leva o Sol, o tempo, o vento e deixa apenas a estação e a saudade.


Em Teus Olhos!





      Daqui de onde estou a cidade pode ser vista nos meus olhos.

Os meus olhos são espelhos do que vejo e sonho.

Eu gosto dos espelhos quando refletem mundos.

Os mundos em mim habitam os espelhos de quem me olha em silêncio.

Quando os meus olhos são espelhos, todo meu corpo é miragem.

As plumas leves dos sonhos perdidos fazem levitar a alma e o corpo de quem está parado ali.



Os espelhos existem para refletir.

Refletimos o que somos e o que não sabemos que somos.

Os espelhos possuem a magia de desvelar segredos.

Amo os portais por trás das imagens refletidas: fantasmas meus.

No espelho meu ser é imagem distorcida, para o olhar que não sabe ver.

Depois do espelho tudo é esquecimento, quase tudo é ausência.



Ante o espelho vivem mulheres, meninos, estrelas e poetas.

Um sorriso, um retoque, um olhar para o já tão efusivamente visto.

Uma vez, outra vez. Tantas vezes quantas necessárias forem.

E o novo eclode ante os olhos de quem deseja ver!

Semblantes feitos flores assinalam a semelhança de jardins suspensos.

A beleza mora no espelho que revela sua mais perfeita alegoria.  



O espelho do corpo são os olhos. Nu o olhar desvenda-se.

A face quer ser vista mesmo que por um instante.

Não são os rostos que anseiam espelhos, estes desejam os rostos para retocá-los sempre.

Às vezes o corpo deseja ser miragem do outro lado do vidro que o reflete.

A alma e o amor são especulares e aninham-se no olhar de quem sublime anela.

Até as palavras são espelhos quando o espírito efetua a criação no ser.



O meu inconsciente é refletido inevitavelmente em meus atos.

Meus desejos adejam ante o spectacùlum da vida.

A poesia fala mais de mim do que a minha boca com sucesso possa alcançar.

Os versos em mim são spectrum de amor que vaga a speculare.

Onde os sonhos estão à spectáre  dia a dia de gente anela.

Ante o espelho do tempo meu ser é espetáculo.   



Não é no seu caderno que eu quero estar em forma de rabisco.

Desejo habitar a sua retina e nela quero ser de mendigo a rei, de menino a ancião.

No espelho dos seus olhos eu tenho a minha mais perfeita imagem e tradução.

A cada lágrima, lavas o meu ser no seu olhar que me ama em silêncio indulgente.

No espelho dos seus olhos, vejo mundos e enxergo-me na luz no fim do túnel.

Eu sou miragem para o seu olhar que percorre desertos existenciais.  



O meu olhar reflete quem eu sou, e o que sou se traduz em poesias.

Os meus poemas são olhares, feito espelhos vistos no escuro.

Os meus poemas são espelhos postos entre as fendas do amor e da contemplação.

Minhas lágrimas são espelhos d’água de um mar em mim que me revela o ser.

Como poeta sou menino que persegue a luz do Sol refletida na parede do amor e do tempo.

E se olhares com atenção tu verás a ti mesma no espelho dos meus olhos.   
 

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O Louro cão ou o Louro do cão!


         Hoje ao tomar o chá da tarde, eu tive uma sutil sensação de reviver um afeto que se fez verdade em mim, por alguém que muito amei. O amor é assim, insiste em encher de esperança o coração de quem a ele se entrega. É como raiz de uma árvore que padece numa terra árida, a qual, ao cheiro das águas, reverdece e viceja, ali onde só havia sequidão.

         Tê-lo assentado na varanda me inspirava a ver com ele o pôr-do-sol. Foram muitas as tardes que passei ao seu lado, ouvindo prosas gostosas, contadas mil vezes, mas ouvidas como se fossem a primeira. Naqueles dias eu não tinha outra alegria. A simplicidade, a ternura, o afeto e a cumplicidade entre nós eram o chantili de uma torta feita de vida, flor e alegria.

         O meu sogro, Sr. Maneca, caminhava para os seus oitenta e poucos anos, quando sorria, realçando as tardes de domingos, ao som da sanfona mal tocada por mim ou por ele mesmo na primavera. De Luiz Gonzaga só tínhamos na lembrança a Asa Branca e nele, a saudade da terra natal e imensa.

         Eu sentia que ele gostava muito de mim, chegava até a me confidenciar segredos seus; querelas de uma lucidez que insistia em dar o ar da sua graça. Além da profundidade do seu olhar, o que mais me impressionava nele era, seu senso de humor aguçado, sua paternidade acolhedora e sua maneira de lidar com o que não o agradava. Ele brincava e brigava com quem quer que fosse num lance de segundos, menos comigo.

         Assistir filmes ao seu lado, assentados na mesma cama, passou a ser nosso playground mais divertido; ele fugindo da morosidade dos dias que, com os anos, pesavam-lhe os ombros, as pernas, a cabeça e o corpo inteiro, e eu, fugindo de meus pardos algozes, aqueles pobres demônios, que se disfarçavam, invisíveis, escondendo-se atrás certos infelizes que nos guetos religiosos esmagavam a vida, a alma e o corpo de quem sonhava ver um reino de Deus estabelecido na terra.

         Tomado pela alegria o meu sogro, sequer me deixava ver um filme inteiro, pois tinha que me falar de coisas que inacreditavelmente, só lembrava na hora que a película ia a vento em popa. Com o tempo eu percebi que não adiantava teimar com sua inopinada lembrança. E assim, pacientemente eu o escutava, e ria com ele. Na verdade o filme passava a ser nada diante de tamanho contentamento; servia apenas como um meio para justificar as horas que passávamos juntos e para entremear silêncios. O meu sogro era um homem forte. Depois de muitos infortúnios na vida atravessou um câncer assim, e eu naveguei com ele até que chegasse ao porto. Só lamento o fato de ele ter me deixado navegando sozinho no mar da vida. As coisas, por mais que belas que pareçam não são mais as mesmas. Elas tornaram-se poesia sem profundidade, noite sem estrelas, jardim sem flores, sem abelhas e sem beija-flores.

         Eu só me dei conta da sua partida quinze dias depois. Ele insistia em manter-se vivo na minha então “memória recente” que recusava sepultá-lo, eu ainda o buscava nos espaços vazios. Havia quatro outros grandes protagonistas no santuário que me acolheu ferido muitas vezes e transformara minhas dores em sorriso. Como a arca de Noé, ali havia bichos e homens, meninos, mulheres e Deus segurava a chave da vida e dos segredos mais tenros.

         O pequeno Gabriel, meu companheiro de alegria e desventuras, menino de olhos azuis, alvo e amoroso. Smook, um cachorro pinche pequeno e perverso, mas ousado protetor do seu velho dono, do louro, e do pequeno Helder, fiel escudeiro de todos, quando em tempos de festejos e reencontros. Eles habitavam um mundo quase perfeito.

         Quero devotar minha atenção ao louro, visto que suas façanhas ganha relevo e notoriedade nestes versos. Nas minhas ausências, eram eles que seguiam no barco com o velho marinheiro. Havia um quê de cumplicidade entre eles, inviolável. O velho protegia os meninos, solitários e cheios de esperanças. Os meninos protegiam o cachorro e este protegia o velho, os meninos e o louro. Por sua vez, o louro, imponente, protegia a todos. Era da janela que ele vigiava a casa num silêncio peçonhento e medonho.

         Eles não eram muito receptivos quando alguém surgia para quebrar a beleza da vida que corria nas veias do tempo naquela casa. Embora os visitantes fossem bem recebidos pelos moradores, os bichos insistiam em não negociar como anfitriões. Foi assim, e por causa disto, meu caro leitor, que o mais terrível dos eventos ocorrera.

         Ao tocar a campanhinha, o velho gritava como de costume: “pode entrar e fecha o portão”. Depois que caiu do telhado e quebrou a perna, o velho já não podia se locomover tão facilmente, o que promovia as diversas e não tão demoradas visitas.

         Um dos meninos corria para ver quem chegava e nisso revezavam sempre. O cachorro tomava de assalto o visitante ainda do lado de fora, enquanto, inocente, sequer imaginava o drama do corredor polonês pelo qual tinha que passar para chegar ao velho, guardado como uma abelha rainha por seus súditos fiéis debaixo de sete chaves. Fechar o portão era a última coisa que deveriam fazer, dada a tamanha agonia à qual seriam vítimas.

         _ Trimmmm. Trimmmm.

         Tocou a campanhinha altissonante. Era o Sr. Januário, um ancião elegante, sorridente, piedoso e esguio. A sua fé e educação não o defenderiam dos desarranjos iminentes, mas demonstravam sua religiosidade e boa vizinhança.

         O menino como sempre partiu veloz e gracioso para ver quem chegava. Na frente dele, passou o cão raivoso, destilando fúria e mostrando a cara feia numa carranca que arrancava o sorriso de qualquer um que chegasse.

         Portão aberto, saudações alçadas, a porta da frente vencida pelos primeiros passos, depois da quietude do cachorro que dessa vez desapareceu fortuitamente, com receio do que sucederia, uma vez que o louro se antecipou ao velho e driblou o menino. Em dias como estes o cachorro era o primeiro a cair fora desesperado, visto que não topava a pressão e a possessão maligna do louro que arqueando suas asas, vinha rasteiro e fumegante à caça do seu desafiante.

         Pobre Januário! Caiu na rede como um peixe. Ficou ali na teia da aranha! Atrás de si um portão fechado. O cão ladrando como se estivesse sorrindo, o menino sorrateiro se ria da desgraça alheia e o louro fundava dentro com seu estridente arpão no bico enquanto, aos gritos Januário subia pelo sofá da sala, fugindo do seu inimigo vespertino.

         Só Deus meu amigo para livrar Januário daquela pirraça. O louro trincava o bico. Era currupaco-papaco! Para lá e currupaco-papaco! Para cá. E Januário com a cabeça perto do telhado, olhos esbugalhados, todo empertigado, pulava de um sofá para outro aos berros. A desdita era maldita. A cena seria cômica, não fosse trágica. E desse modo, muitos caíram nessa armadilha social. Depois de muitos – “Deus me acuda”, o sujeito não mais voltava, e assim a paz se estabelecia naquela casa.

         Eu mesmo fiz a trajetória de Januário, e vi a muitos outros sofrerem tanto com o cachorro que mostrava as presas ferozes, quanto com aquele louro do cão. Ou talvez, era o cão louro ou o louro cão. Seja como for, foi um pega para capar terrível. Aqueles dias foram hilariantes.

         Smook o cão perverso, morreu envenenado depois que foi atropelado no asfalto. Os vizinhos passaram a ser atendidos pela janela do quarto de onde o onipotente louro de pirata exibia suas unhas. Não mais entraram por causa do ‘coisa ruim’, o incrível Hulk de asas, verde e estressado.

         O menino de olhos azuis cresceu e agora pastoreia Pituca, a nova cadelinha que ora anima-os por ali, diuturnamente. O cão esverdeado, ainda está lá, no alto do seu ninho, imponente, alimentando os pardais e ameaçando os desavisados. São poucos os que o dito cujo permite deixar sua cabeça a mercê de afagos.

         Dizem que louros vivem duzentos anos, mas este, afetado por uma catarata amuou com a partida do velho, do cachorro Smook, ao qual perseguia e com a despedida de Helder, o outro menino, o único que desfrutava, além do seu avô, da confiança do louro e o alimentava quando este estava por perto. O velho seguindo viagem se foi, deixando em nós um vazio sem monta. O pequeno Helder amadureceu e mudou-se para o lugar do seu sonho, a casa de sua mãe.  

         Quanto a mim, os vejo de vez em quando, já tendo exorcizado os demônios de outrora. Sigo enfrentando a saudade, as perdas e as alegrias que advêm àqueles que prosseguem na estrada da vida ao lado de Talitha, Tábatha e Emanuel, futuras herdeiros do louro que parece viver e ainda vencer gerações no seio da nossa família.

         Tempus Fugit!       

       


segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Entre As Rosas E As Estrelas!



A rosa estava ali.
Na quietude de seu sorriso calmo e ainda rosa.
A rosa rosa, amor de muitas estações floridas.
Desgastada pelo tempo, vinda de outonos frios.

A rosa continua ali.
Parada, presa a si mesma, num ato de eterna saudade.
Para onde iria se o olhar que é razão de ser de seu existir a torna bela?
O mundo sem as rosas é mundo vazio.
Caqueiro esquecido na janela.
Mas somente em meu mundo vazio de outros mundos, a rosa é verso de amor.
Para que podá-la se com os espinhos fere-se, enquanto exala seu perfume?
As rosas existem para que o mundo em mim seja apenas aroma suave.
Doce canção de um verso que na chuva me encanta o olhar de muitos mundos
vistos.

A rosa vai ficar ali.
Um instante.
A eternidade numa pétala.
Beleza em forma de flolha, flor e silêncio.
Prazer em mim que fecunda as estrelas que iluminam o olhar.