quarta-feira, 14 de setembro de 2011
Perdas Intevitáveis! Dedicado àqueles que provaram duras perdas, sem no entanto, desistirem da fé.
Às vezes me pego pensando no por que das perdas.
Tenho de admitir que perder é parte da vida.
Desde o zigoto ao nascimento, conquistas e perdas ocorrem.
À medida que conquistamos umas coisas, perdemos outras.
A vida é como uma caixa cheia de coisas boas e ruins.
Dela tiramos as que amamos para colocarmos outras que necessitamos.
Às vezes as coisas que necessitamos não combinam com as que amamos. Necessidade e amor nem sempre falam a mesma linguagem.
Eu já perdi muitas coisas nesta vida.
Perdi amigos,
Perdi amores,
Perdi tempo, dinheiro e quinquilharias.
Houve coisas que eu perdi que não recuperei mais.
Há perdas que são irreparáveis, sobretudo, quando perdemos o que amamos.
Perder as coisas é tão duro quanto nos perdermos.
Nem sempre as coisas que amamos são mais importantes do que as que necessitamos.
Eu amo guloseimas, porém não necessito delas.
Eu necessito de anlodipino, mas não o amo em hipótese alguma.
Eu confesso que já perdi muitas coisas boas nesta vida das quais sinto falta.
Outras eu perdi e não sinto a ausência.
Já perdi sonhos, rumos e valores, mas mantive a esperança.
As perdas molduraram em mim a maturidade.
Pintaram em mim a indiferença em esboço a lápis de cera.
Parte de nós vai-se nas perdas, pois quando perde-se o que se ama, o coração fica aos pedaços.
Há uma fusão muito severa entre a alma e o corpo.
Há coisas que o corpo perde e a alma geme.
Outras há que se vão da alma e o corpo definha na perda.
Pior mesmo é quando corpo e alma se perdem no funil da espera quando se esgotam na linha do tempo.
Disseram para mim que ser cristão é não perder.
Mentira deslavada! Perdemos muitas vezes e nos perdemos nas perdas da vida.
Ficamos perdidos quando queremos disfarçar as derrotas.
Eles nos ensinaram que o cristão não perde. Ledo engano. Não somos super homem e a tentativa de sê-lo nos torna medíocres.
Só sabe a dor do luto quem passou por ele.
Só sabe a dor da traição quem a viveu.
Só sabe a dor do abandono da pessoa amada quem ficou só.
Só sabe a dor do manco quem perdeu uma perna.
Só sabe a dor da cegueira quem um dia perdeu a visão.
A hipocrisia do disfarce de uma vida vitoriosa é máscara posta nos insensíveis.
Eu gosto de Jesus quando diz: “Aquele que perder esta vida, acha-la-á”.
Sublimar é a saída de quem deseja mascarar a perda.
Eu não temo as perdas quando estas se referem às coisas.
Eu as temo quando alude à alma.
Eu disse “alude” e não, “ilude”.
“Suporta-se com muita paciência a dor no estômago alheio”, disse machado de Assis.
Estou lutando para não perder a minha fé.
Vou fazer 42 anos e venho de muitas perdas.
Perdas eloqüentes,
Perdas fúteis,
Perdas leves e perdas horripilantes.
Aprendi que viver é perder aos poucos a exuberância de dias, delicados, agradáveis e belos, feitos nuvens de algodão-doce.
Perdi, e daí? Todos perdem; mesmo os que dizem que não!
Alguém me disse que às vezes perder é ganhar.
Eu acho que o tal mentiu para mim, visto que para mim, perder foi é e sempre será, perder mesmo.
Essa coisa de perder é tão séria que até Deus perdeu um dia.
Deus perdeu? Sim isso mesmo. Como eu, Deus também perde.
Ainda me lembro do texto sagrado quando diz: “Adão onde estás?” e “O Senhor Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden”.
E ainda, “O filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido”.
A perda é uma experiência que abarca até os deuses.
O duro da perda é que a pessoa pode ter mil outras coisas, mas jamais aquelas que se foram.
Jó perdeu seus dez filhos.
Sansão perdeu sua força e a visão.
A mulher perdeu a dracma e reencontrou.
Há perdas que são temporárias; outras são irreparáveis.
Ramisés perdeu seu filho.
Romeu perdeu Julieta.
Judas perdeu Jesus enquanto enriquecia.
Há quem perca o mundo inteiro para ganhar sua alma.
Meu caro leitor aprenda a perder e aprenda com as perdas.
Nessa vida não ganhamos todas, só os tolos pensam diferente.
As perdas doem. Seja sincero consigo mesmo. Chore suas perdas.
Os religiosos mentem muito. Seja humano, pois até os deuses perdem.
Até os deuses se tornaram humanos para serem plenos.
Perca tudo, mas não perca sua esperança em Deus, Aquele que nos ajuda a restaurar o coração nas perdas e das perdas. É por isso que choramos com os que choram e nos alegramos com os que se alegram, porque a vida é feita de emoções.
Chore suas derrotas,
Chore suas perdas,
Chore suas dores.
Não seja destruidor da sua alma. No entanto, lembre-se, a vida continua. É necessário recriar-se, refazer-se e reconstruir-se. A vida não pára nas perdas, porque as perdas são inevitáveis.
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