Os meus olhos são espelhos do que vejo e sonho.
Eu gosto dos espelhos quando refletem mundos.
Os mundos em mim habitam os espelhos de quem me olha em silêncio.
Quando os meus olhos são espelhos, todo meu corpo é miragem.
As plumas leves dos sonhos perdidos fazem levitar a alma e o corpo de quem está parado ali.
Os espelhos existem para refletir.
Refletimos o que somos e o que não sabemos que somos.
Os espelhos possuem a magia de desvelar segredos.
Amo os portais por trás das imagens refletidas: fantasmas meus.
No espelho meu ser é imagem distorcida, para o olhar que não sabe ver.
Depois do espelho tudo é esquecimento, quase tudo é ausência.
Ante o espelho vivem mulheres, meninos, estrelas e poetas.
Um sorriso, um retoque, um olhar para o já tão efusivamente visto.
Uma vez, outra vez. Tantas vezes quantas necessárias forem.
E o novo eclode ante os olhos de quem deseja ver!
Semblantes feitos flores assinalam a semelhança de jardins suspensos.
A beleza mora no espelho que revela sua mais perfeita alegoria.
O espelho do corpo são os olhos. Nu o olhar desvenda-se.
A face quer ser vista mesmo que por um instante.
Não são os rostos que anseiam espelhos, estes desejam os rostos para retocá-los sempre.
Às vezes o corpo deseja ser miragem do outro lado do vidro que o reflete.
A alma e o amor são especulares e aninham-se no olhar de quem sublime anela.
Até as palavras são espelhos quando o espírito efetua a criação no ser.
O meu inconsciente é refletido inevitavelmente em meus atos.
Meus desejos adejam ante o spectacùlum da vida.
A poesia fala mais de mim do que a minha boca com sucesso possa alcançar.
Os versos em mim são spectrum de amor que vaga a speculare.
Onde os sonhos estão à spectáre dia a dia de gente anela.
Ante o espelho do tempo meu ser é espetáculo.
Não é no seu caderno que eu quero estar em forma de rabisco.
Desejo habitar a sua retina e nela quero ser de mendigo a rei, de menino a ancião.
No espelho dos seus olhos eu tenho a minha mais perfeita imagem e tradução.
A cada lágrima, lavas o meu ser no seu olhar que me ama em silêncio indulgente.
No espelho dos seus olhos, vejo mundos e enxergo-me na luz no fim do túnel.
Eu sou miragem para o seu olhar que percorre desertos existenciais.
O meu olhar reflete quem eu sou, e o que sou se traduz em poesias.
Os meus poemas são olhares, feito espelhos vistos no escuro.
Os meus poemas são espelhos postos entre as fendas do amor e da contemplação.
Minhas lágrimas são espelhos d’água de um mar em mim que me revela o ser.
Como poeta sou menino que persegue a luz do Sol refletida na parede do amor e do tempo.
E se olhares com atenção tu verás a ti mesma no espelho dos meus olhos.
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