quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Em Teus Olhos!





      Daqui de onde estou a cidade pode ser vista nos meus olhos.

Os meus olhos são espelhos do que vejo e sonho.

Eu gosto dos espelhos quando refletem mundos.

Os mundos em mim habitam os espelhos de quem me olha em silêncio.

Quando os meus olhos são espelhos, todo meu corpo é miragem.

As plumas leves dos sonhos perdidos fazem levitar a alma e o corpo de quem está parado ali.



Os espelhos existem para refletir.

Refletimos o que somos e o que não sabemos que somos.

Os espelhos possuem a magia de desvelar segredos.

Amo os portais por trás das imagens refletidas: fantasmas meus.

No espelho meu ser é imagem distorcida, para o olhar que não sabe ver.

Depois do espelho tudo é esquecimento, quase tudo é ausência.



Ante o espelho vivem mulheres, meninos, estrelas e poetas.

Um sorriso, um retoque, um olhar para o já tão efusivamente visto.

Uma vez, outra vez. Tantas vezes quantas necessárias forem.

E o novo eclode ante os olhos de quem deseja ver!

Semblantes feitos flores assinalam a semelhança de jardins suspensos.

A beleza mora no espelho que revela sua mais perfeita alegoria.  



O espelho do corpo são os olhos. Nu o olhar desvenda-se.

A face quer ser vista mesmo que por um instante.

Não são os rostos que anseiam espelhos, estes desejam os rostos para retocá-los sempre.

Às vezes o corpo deseja ser miragem do outro lado do vidro que o reflete.

A alma e o amor são especulares e aninham-se no olhar de quem sublime anela.

Até as palavras são espelhos quando o espírito efetua a criação no ser.



O meu inconsciente é refletido inevitavelmente em meus atos.

Meus desejos adejam ante o spectacùlum da vida.

A poesia fala mais de mim do que a minha boca com sucesso possa alcançar.

Os versos em mim são spectrum de amor que vaga a speculare.

Onde os sonhos estão à spectáre  dia a dia de gente anela.

Ante o espelho do tempo meu ser é espetáculo.   



Não é no seu caderno que eu quero estar em forma de rabisco.

Desejo habitar a sua retina e nela quero ser de mendigo a rei, de menino a ancião.

No espelho dos seus olhos eu tenho a minha mais perfeita imagem e tradução.

A cada lágrima, lavas o meu ser no seu olhar que me ama em silêncio indulgente.

No espelho dos seus olhos, vejo mundos e enxergo-me na luz no fim do túnel.

Eu sou miragem para o seu olhar que percorre desertos existenciais.  



O meu olhar reflete quem eu sou, e o que sou se traduz em poesias.

Os meus poemas são olhares, feito espelhos vistos no escuro.

Os meus poemas são espelhos postos entre as fendas do amor e da contemplação.

Minhas lágrimas são espelhos d’água de um mar em mim que me revela o ser.

Como poeta sou menino que persegue a luz do Sol refletida na parede do amor e do tempo.

E se olhares com atenção tu verás a ti mesma no espelho dos meus olhos.   
 

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