sábado, 31 de julho de 2010

À Minha Menina




A beleza tem um nome que escondo nas tabernas da alma.

Seu olhar é sublime,

Sua singeleza me encanta quando sorri.

Ela não fala muito, mas muito fala enquanto cala a alma.

Seu olhar é como flecha aguda,

Sua ironia sabe encantar o seu rosto vívido.

Sou vítima do seu abraço encantador.

Seu nome é doce como as amoras.

Sou pai de uma menina meiga e silente.

Arguta, sabe fazer o seu próprio caminho.

Esconde na não palavra o seu amor,

Mas transpira saudade e respira uma nostalgia leve.

É como uma rosa, bela e tenra,

Mas sua ternura faz-me sentir oceano.

Canta, encanta e trança a alegria com a armadilha de um terno olhar.

Sou sua presa desde que nasceu, puro amor do meu amor.

À Minha Poetiza



Sinto que o tempo tem sido gentil comigo,

As horas passam e eu sequer me apercebo.

Meu coração é como vidraça quebrada, fragmentos.

Vou seguindo a estrada enquanto os trilhos percorrem minhas veias.

Para onde vai esse trem? Não sei dizer, sei sentir.

Um olhar se debruça na janela da lua,

O céu feito cortina se estende entre as colunas siderais.

Novena de meninos que não distinguem os sinos.

Os meus pés perseguem o sol,

E à sombra vou escrevendo o meu destino.

Sou poeta de alma de outonos frios.

Sou cantor de versos no cair das folhas.

Sinto saudade de tudo que se chama simplicidade.

Tenho recebido poesias do meu amor.

Seus poemas fazem-me flutuar nas nuvens densas de mim mesmo.

Seus primeiros versos são para a eternidade.

Sou um pai feliz.

Sou amado pela minha poetiza.

Sou um homem que lê versos de amor sorridente,

Sinto-me aqui, num lugar no mundo, distante, entre o amor e o silêncio.

O meu olhar brilha nas estrelas,

Espero que elas saibam vê-lo saudoso.

O amanhecer aqui é sob a névoa da solidão.

Vivo entre adegas, barcos e altares, mas vou indo.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Portugal - um lugar para amar


Esbarro-me agora na angústia que provoca a incerteza.

O meu velho coração tocado a anlodipino segue a poeira da estrada.

As quitandas daqui abrigam bêbados e troianos.

E os presentes são cavalos,

Grandes monumentos de madeiras frágeis que abrigam homens e flechas.

É verão e o mar é gélido como gélidas são as horas.

Na areia os pés desejam outros ares de mares quentes.

Eu sou desejo entre Fátima e San Tiago da Compostela.

Em Fátima eu tenho um céu azul-celeste,

Em San Tiago somente o caminho.

Assim, prefiro me guiar pelo céu, pois por aqui os caminhos são turvos e as pedras ponteagudas.

Pelo menos no céu a gente não tropeça nas estrelas.

Tenho andado sobre trilhos; sonho de menino de infância opaca.

É que nestas terras a gente tem que se fazer criança para ser forte.

Em mim, a poesia estava adormecida,

Mas as flores me instigaram aos versos.

Nada como um bom vinho e um porto.

Sinto-me num exílio sem os beija-flores,

Sem o frio que me aquece os sonhos,

Mas vou seguindo veredas minhas de ternura e fé.

Se não há pão, há paz,

Se não há dracmas, há esperança,

Se há amor, então sou pleno.

Sinto a poesia trazer a primavera.

O fato é que em mim, moram as quatro estações.

Quem quiser me ver, por favor,

Espreite a fechadura do tempo.

Caso não me encontre, lembre-se,

Estou em algum navio lutando contra piratas ébrios.

Sou barco a vela que veleja o ignoto.

Se o vento sopra, vou mais adiante,

Se o mar se cala, calo eu.

Por aqui só há sol, lua e meus anelos.

O que anelo? Sei lá! Eu nunca soube.

Desejo o vento, o mar e o amor.

Desejo velejar minha alma,

Enquanto velejo o mundo.

Desejo ser uma ave junto ao cais.

Sim, eu desejo o impossível.

Por isso minha alma sobrevive em esperança.

Não quero a mediocridade, tampouco a mesmice.

Venho de um país chamado aventura.

Com agulha e linha vou tecendo a história,

A minha história. Não é o bastante?

Sigo alinhavando amor, sorriso e respeito.

Semeio a semente dos sonhos e do amor.

À todos os que me amam ofereço o mar,

O ar, o céu, o mundo e a doçura de velejar

Na sua própria alma, velejando em mim.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Véspera



Hoje eu acordei sentindo-me preso como uma ave vencida na gaiola.

É véspera de 02 de Julho, data que me lembra a liberdade.

Não me sinto com vocação para Peru.

Por que? Perus morrem em vésperas.

Eu quero o canto dos pássaros,

O vôo das garças, livres nos céus de meu Deus.

Eu quero o mar, o ar e o sol da liberdade.


Adoeço quando em casulos.

Emudeço em mim o meu canto se não sorvo a alegria.

As janelas da esperança dão passagem ao vento e à luz.

Eu quero um país de homens livres. Seria possível?

Uma terra onde justiça, dignidade e respeito sejam o prato do dia.

Da favela é possível ver o sol nascer dourando o olhar?

No banco da praça é possível dormir confortável ao frio?


Do cárcere é possível a juventude sonhar com uma pátria livre?

No Congresso Nacional é possível a honestidade?

Na igreja é possível o Cristo sem efígie?

Entre muros a sofreguidão devora as horas,

Já é tarde e o outono abre uma rua para a saudade.

Os raios de luz do sul focam o retrato na parede do desejo,

O rosto do menino ilumina a via do homem que havia de vir.


Descalço, sobre trilhos, o chão devora os pés dos que trafegam,

A história ensina o caminho de como se dançar a valsa da vida.

Sua alma mansa não amansa o tempo que insiste em não parar.

Sua poesia sonora faz-se ouvir nas asas das gaivotas que passeiam em silêncio,

E me remete ao frio e ao fio que vem lá do sul, que desperta as aves.

As marcas dos vergões da tristeza riscam o corpo no cepo dos que esperam.

Que vergonha se me dá na face rubra cheia de palavras caladas.


Porta entreaberta onde a dor de quem caminha em trapézio equilibra-se.

O escultor dá forma ao homem com granito e da pedra arranca eternidade.

Perfume de quem diz o que o mundo quer calar.

Oferta derramada no altar da esperança de um amor feito poesia.

A sala acolhedora da ternura num instante grita o amor que instiga a morte.

Frasco de perfume aberto para destilar poemas sinceros.

Uma voz se fez ouvir entre abraços idos.


Uma noz, partida na comunhão dos que vivem na lembrança.

Anzol posto na garganta de quem canta o canto da partida.

Resgate de eternidade na finitude do olhar que ancora o afeto.

Sorridente, a vida segue o seu caminho e percorre o tempo.

Eu percorro os pensamentos, enquanto o sangue me percorre as veias.

Ergue-se uma nova canção, numa nova estrada, para um novo mundo de rara beleza.

Em mim exala o aroma que o desejo instilou na espera, ao soar do sino.