sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

A Rosa



"Hoje é segunda-feira e eu estou aqui,
da minha janela, observando as flores;
uma rosa olhou para o sol e falou-me,
sussurrando sua dor;
suas pétalas pálidas,
caíam ao chão sem sorriso,
seus espinhos ali,
faziam sangrar sua alma-rosa de flor que sente saudade,
saudade de uma vida que se foi para sempre,
que existe somente na mente que mente,
ao insistir na lembrança,
sim, uma rosa me olhou marejando suas lágrimas vazias de amor.
A dor da rosa é a dor do amor que não vem,
dor de todos nós mortais,
dor de outras flores,
do sol que se foi,
do olhar que aspira a beleza de dias felizes.

Camélias, ipês e bromélias são flores sem espinhos,
nem por isso felizes.

Só as rosas transportam sua própria ambigüidade;
espinhos perfuram pétalas que ferem o olor,
que tocam a pele da rosa que na dor,
expressa seu ser,
os espinhos são das rosas um mal necessário,
porém, necessário mesmo,
é o sorriso das rosas.

As rosas sorriem quando amadas;
a cor vermelha e rosada está no olhar de quem ama;
há a rosa vermelha,
há a rosa branca,
e ainda a rosa rosa,
as rosas quebrantam o olhar de quem ama.

A rosa feliz é a rosa ferida,
a rosa amada no amor dos amantes,
a rosa no buquê de rosas e ramalhetes molhados,
sim, és rosa,
rosa amarela,
rosa régia,
rosa que reina só,
mas rosa que reina é rosa que se sabe flor,
que se sabe amor,
amor na raíz,
amor feliz,
a rosa do povo,
Drumond,
um lugar da saudade do canto de amor.

Rosa de Sarom, um conto, uma esperança,
uma varinha de condão,
um lugar do afeto que em mim registra a alegria no cicio do vento que passa,
saudade que passa,
rosa que fica,
rosa que passa,
amor que destila os versos de afeto,
de mim,
um mero mortal que transporta a rosa para eternidade".

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Onde estás?



"Ando perdido em mim mesmo,
vagando como uma nota que se perde
na sinfonia de uma orquestra,
não consigo encontrar veredas antigas,
mas, o farol do teu olhar ilumina meu coração saudoso;
mesmo longe dos teus olhos,
aprendi a ouvir tua voz no silêncio,
e descobri que o que calou não foi o mundo,
foi o meu gemido enquanto tu falavas".

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

A Lua de Ontem




"Ontem a lua estava linda,
Vestida de um manto furta-cor,
Ela estava ali ao alcance das mãos;
Os céus pareciam tocar a terra,
Mas o que foi tocado mesmo foi o meu coração.

A lua, seja em que fase for, é sempre a lua dos amantes,
livre,
leve,
Luar sem fim no fim do túnel do olhar.

Lua despida de rancores de estações passadas.

O céu estava estrelado e meus olhos marejaram saudosos;
O interessante a se notar é que as estrelas possuem o poder de aprisionar os sonhos,
Mas elas possuem o dom de libertar a alma em poemas de amores,
Versos que versam a vida que se esvai em cores,
Explosão de luzes na retina do amor de ontem.

A lua estava ali na praça,
Na rua,
no rio,
Na palhoça;

Lua de todos,
lua de muitos,
lua minha,
Meia lua de luas inteiras;

Lua cúmplice do afeto dado em silêncio,
lua eterna,
lua de ninguém,
feita de luares que morrem ao nascer do sol.

Lua dos meninos,
Lua dos tristes,
Lua das luas de mundos refeitos,
Mera lua que dá vida à prosa,
Que enternece o canto,
Que alimenta o amor que ainda vai chegar;

Lua de marés de mares sem fim,
Lua feita de desejos inocentes,
Lua bela,
Silente,
lua dos trovadores,
Parada ali;

Calada em mim."

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Ecos De Mim



"A estrada esta logo ali ao alcance do olhar,
Percebo-a quando a poeira sobe ao passar de pés que escrevem destinos.

Daqui do meu lugar sei que sou pouco notado,
Sim, notado apenas como uma possibilidade remota,
Um hiato, uma mera sombra feita de vento;
Mas que importa?

A vida é longa, pois os notáveis também choram.

Minha existência ao menos é importante ali onde sou importante para alguém;
Em todos os verões eu renasço, ressurjo das cinzas de outonos e invernos idos;
Sou presença silente durante o dia e a noite calo minha alma;
De longe as pessoas me confundem sempre com outras vidas breves,
Doce ilusão, minha silhueta é minha própria existência.

Insofismavelmente sou o que sou: a esperança de alguém;
Feito para ser defensor dos frutos e do futuro que brota da terra,
Com meus braços abertos abraço o mundo,
E nele, até as aves recuam quando me vêem.

Às vezes cansa esta espera,
Pois esperar é um ato que mexe as entranhas.

A colheita está madura, e da estaca onde habito,
Vejo homens colhendo as sementes do amanhã;
A tecnologia me desempregou,
Os produtos químicos matam hoje o que eu protegia ontem,
Morre o homem, morre o fruto, e morre a terra e mesmo as aves,
Tudo morre porque não estou,
Tornei-me inútil para uma geração que morre enquanto come,
E morro eu a cada estação,
Sem querer me tornaram símbolo do orgânico, do ecológico,
Mas o único eco lógico é o que vem do grito da minha voz,
Calada,
Esquecida,
Mas ainda viva.

Ah! Para quem desejar saber quem sou,
Meu nome é...
Não importa o meu nome.

Eu sou apenas um... um ...
Es...pan...ta...lho,
É isso mesmo!

Um simples e saudoso espantalho.
Aqui da minha janela não espanto mais nada,
Pois eu mesmo ando espantado com o que fizeram da lavoura,
Do campo, da vida e de tudo,
Sim, esta é a breve história de quando os homens
Pela irracionalidade espantaram a mim
Um espantalho solitário".