O que fazer se ontem eu não pude adejar no vento,
o redemoinho se foi e eu sequer dancei à sua volta.
Se no arco-íris, eu não pude semear a flor-de-lis que destila a ternura,
E se nas nuvens eu não pude construir a minha casa da árvore?
O que fazer se a neblina fez nascer a relva que descansa os pés,
mas minha alma sozinha e sedenta corre atrás de ribeiros que o tempo secou?
Se as marés levaram os sonhos para o outro lado do amor,
e se o silêncio fez ruir a canção que guiava as estrelas?
O que fazer se o sorvete de morango derramado fez brotar o desejo,
Se a calçada onde passam pés sem destinos certos,
ruma para ruas escuras que o olhar teme percorrer?
Se as amoras que brotam no verão negam sua cor e frutos a mim?
O que fazer se já não sei se a poesia leve leva além o tom da esperança,
Se me faz bem saber da noite com janela aberta para a lua ali,
Se o olhar não pode ver além da vida, a lida que desfaz o pote junto à fonte?
O que fazer se eu aqui não passo de uma doce ilusão,
Enquanto espero o ignoto?
Nada, simplesmente nada,
Além da beleza, pois a vida é a arte de saber esperar,
O tempo que não mente e germina a justiça do amor que fecunda os sonhos.
2 comentários:
Que lindaaaaaaaaaaaa
amei!!!!
"...Se as marés levaram os sonhos para o outro lado do amor,
e se o silêncio fez ruir a canção que guiava as estrelas?..."
Que coisa linda...Como posso dizer que J.G é meu poeta preferido...rs,rs,rs. Parabéns Pastor, seus poemas continuam lindos!!!!
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