quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Ventania





Cabelos esvoaçam cobrindo a face enquanto as aves se aninham,

As ondas vindas de longe ferem as pedras com força singular
E no céu asas deltas coloridas viajam riscando o azul ao olhar sozinho.

As acácias vêm ao vento flutuar suas pétalas no ar do amor de ontem,
As roseiras sibilantes enaltecem o silêncio ao cair da última gota de orvalho.
A lua apenas assiste a rua em cujos pés os passos dos homens passam ligeiro.

Tudo passa de repente, pois o vento transporta aromas e coisas soltas,
Ventanias transportam sonhos nas montanhas dos ventos uivantes,
Ali onde o amor é apenas um gesto simples de um olhar singelo.
Ai onde o amor que a tudo transporta também passa,
Posto que é vento vindo das montanha da alma.
O amor é como ventania de iverno: não passa sem deixar-se notar.

Um comentário:

Anônimo disse...

"No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas
que o vento não conseguiu levar:
um estribilho antigo
um carinho no momento preciso
o folhear de um livro de poemas
o cheiro que tinha um dia o próprio vento..."

Mário Quintana