domingo, 19 de setembro de 2010

Tudo Pelo Teu Olhar




O buraco no telhado estava ali à lembrança;
Quatro mãos destinaram o corpo dependurando-o entre o céu e a terra.
A face do Cristo acedeu à entrega de uma vida que se fez oferta na sala,
E o meu tímido olhar celebrou ao vê-lO ali na homilia.

O buraco no telhado continuava ali e os amigos viam através dele.
Um misto de alegria, poeira e luz entremeava olhares aturdidos,
A voz do Mestre pronunciou-me a cura: “Levanta e anda!”.
Porém antes, os meus pecados foram perdoados e eu fiquei limpo.

O buraco que havia em minha alma não se comparava ao do telhado.
A fenda exterior permitiu-me cingir a rotura da veste interior.
Ele foi gracioso comigo, mandou-me tomar o meu leito de volta para casa.
Para onde eu iria se o meu anelo estava ali, ante os meus olhos?

Cingido, decidi não cindir mais com a vida.
Fiz-me forte, olhei-o nos olhos e vi-me.
De pé, caminhei seguro,
Dei meus primeiros passos sem temer o futuro, nem à vida nem o mundo.

O buraco do telhado ainda continua ali, aberto para que outros desçam,
Caso tenham coragem de lançar-se no abismo e olhá-lO nos olhos.
Caso desejem mais do que simplesmente andar sobre os seus próprios pés,
Ele estará sempre lá, para pessoas que anelam como eu fitar a ternura do seu olhar.

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