Parada ali aquela senhora parece sonhar,
Seus pés cercados de novelos de lãs coloridas,
Sequer tocam o chão, pois seu corpo flutua,
Sua mente absorta,
Habilita as mãos que constroem mundos.
A canção que cantarola nina a alma combalida dos anos,
Enquanto seus olhos não perdem o ponto.
Isso mesmo, ponto a ponto.
Tricoteia, respira e sutilmente vê seu sonho virar realidade;
A cada passo veloz; pequenos gestos de pontos e nós.
Para, pensa, ressona, boceja e volta ao compasso do amor,
Os fios se cruzam e a alma cala os destinos contidos no olhar.
Mesas postas nos desertos da existência,
Terra sem fim de um espírito que adeja,
Enquanto as mãos cansadas trançam desejos.
As horas passam,
Os olhos pesam à sombra vespertina,
E o passado é fardo que a pele transporta,
A espinha sente o frio dos dias frios de velhas angústias
Enquanto as linhas felpudas de cores vívidas do tempo tecem a tela da vida.
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