Desde criança eu aprendi a fazer pontes.
As cidades feitas de areia não existiam sem castelos e pontes.
Pontes pressupõem abismos,
Rios, riachos e jardins.
Cedo eu aprendi que uma ponte liga dois universos.
Une versos semanticamente distantes.
Uma ponte é intercessão, é meio, é acesso, é diálogo.
Diálogo na ponte de pontos opostos.
Uma ponte é braço estendido entre mundos inversos.
Um caminho viável entre mundos possíveis.
Uma via possível entre pólos impossíveis.
Ponte é mediação, é interlocução.
Em mim habita dois mundos, dois universos,
Verso e reverso de uma mesma moeda.
Côncavo e convexo,
Há pontes erigidas entre razão e a fé.
O Cristo é ponte,
O útero é ponte,
A sepultura também o é.
Daquelas que se faz caminho entre a alma, o corpo e o espírito.
As pontes são necessárias.
Cedo eu aprendi que viver é a arte de pontificar mundos.
Como poeta sou pontífice,
Como teólogo sou ponteagudo,
Como menino sou apenas um caminho entre abismos.
Sendo assim eu entendo que amar é a tarefa de construir pontes.
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