quarta-feira, 26 de maio de 2010

Pontes



Desde criança eu aprendi a fazer pontes.

As cidades feitas de areia não existiam sem castelos e pontes.

Pontes pressupõem abismos,

Rios, riachos e jardins.

Cedo eu aprendi que uma ponte liga dois universos.

Une versos semanticamente distantes.

Uma ponte é intercessão, é meio, é acesso, é diálogo.

Diálogo na ponte de pontos opostos.

Uma ponte é braço estendido entre mundos inversos.

Um caminho viável entre mundos possíveis.

Uma via possível entre pólos impossíveis.

Ponte é mediação, é interlocução.

Em mim habita dois mundos, dois universos,

Verso e reverso de uma mesma moeda.

Côncavo e convexo,

Há pontes erigidas entre razão e a fé.

O Cristo é ponte,

O útero é ponte,

A sepultura também o é.

Daquelas que se faz caminho entre a alma, o corpo e o espírito.

As pontes são necessárias.

Cedo eu aprendi que viver é a arte de pontificar mundos.

Como poeta sou pontífice,

Como teólogo sou ponteagudo,

Como menino sou apenas um caminho entre abismos.
Sendo assim eu entendo que amar é a tarefa de construir pontes.

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