
Esbarro-me agora na angústia que provoca a incerteza.
  O meu velho coração tocado a anlodipino segue a poeira da estrada.
  As quitandas daqui abrigam bêbados e troianos.
  E os presentes são cavalos,
  Grandes monumentos de madeiras frágeis que abrigam homens e flechas.
  É verão e o mar é gélido como gélidas são as horas.
  Na areia os pés desejam outros ares de mares quentes.
  Eu sou desejo entre Fátima e San Tiago da Compostela.
  Em Fátima eu tenho um céu azul-celeste, 
  Em San Tiago somente o caminho.
  Assim, prefiro me guiar pelo céu, pois por aqui os caminhos são turvos e as pedras ponteagudas.
  Pelo menos no céu a gente não tropeça nas estrelas.
  Tenho andado sobre trilhos; sonho de menino de infância opaca.
  É que nestas terras a gente tem que se fazer criança para ser forte.
  Em mim, a poesia estava adormecida,
  Mas as flores me instigaram aos versos.
  Nada como um bom vinho e um porto.
  Sinto-me num exílio sem os beija-flores,
  Sem o frio que me aquece os sonhos,
  Mas vou seguindo veredas minhas de ternura e fé.
  Se não há pão, há paz, 
  Se não há dracmas, há esperança,
  Se há amor, então sou pleno.
  Sinto a poesia trazer a primavera.
  O fato é que em mim, moram as quatro estações.
  Quem quiser me ver, por favor, 
  Espreite a fechadura do tempo.
  Caso não me encontre, lembre-se,
  Estou em algum navio lutando contra piratas ébrios.
  Sou barco a vela que veleja o ignoto. 
  Se o vento sopra, vou mais adiante,
  Se o mar se cala, calo eu.
  Por aqui só há sol, lua e meus anelos. 
  O que anelo? Sei lá! Eu nunca soube.
  Desejo o vento, o mar e o amor.
  Desejo velejar minha alma,
  Enquanto velejo o mundo. 
  Desejo ser uma ave junto ao cais. 
  Sim, eu desejo o impossível. 
  Por isso minha alma sobrevive em esperança.
  Não quero a mediocridade, tampouco a mesmice.
  Venho de um país chamado aventura.
  Com agulha e linha vou tecendo a história,
  A minha história. Não é o bastante? 
  Sigo alinhavando amor, sorriso e respeito.
  Semeio a semente dos sonhos e do amor.
  À todos os que me amam ofereço o mar,
  O ar, o céu, o mundo e a doçura de velejar 
  Na sua própria alma, velejando em mim.