sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Frágil




Uma ave pousou no fio do meu desejo,


A chuva caía sem dó sobre seu corpo frágil e friento,


Nunca se ouviu um canto mais tímido de uma ave tão bela,


Mas ela estava ali,


Imponente, porém, no peito trazia a solitude,


O medo de ser queimada pelos pés.


Como voar se as gotas doem nos olhos?


Sim, como voar se as asas feridas não encontram o afeto?


Pára, observa e verte uma lágrima misturada à gotas,


Ensaia dar seu último canto,


Mas seu peito doi em suas recordações de verões passados,


Sim, pobre avezinha,


Impotentente,


Vê-se absorta pelo mundo cinza que a cerca,


O que fazer?


Nada a fazer,


Apenas esperar,


Esperar o sol,


Esperar a cura,


Esperar que outras aves rumem para o amanhã,


Ali onde a saudade entorpece o coração,


E onde o forte se anula em dor,


Onde os heróis se sabem impotentes,


Tragando a fumaça da incerteza,


Bebendo na taça de um amor que não vem".

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