Uma ave pousou no fio do meu desejo,
A chuva caía sem dó sobre seu corpo frágil e friento,
Nunca se ouviu um canto mais tímido de uma ave tão bela,
Mas ela estava ali,
Imponente, porém, no peito trazia a solitude,
O medo de ser queimada pelos pés.
Como voar se as gotas doem nos olhos?
Sim, como voar se as asas feridas não encontram o afeto?
Pára, observa e verte uma lágrima misturada à gotas,
Ensaia dar seu último canto,
Mas seu peito doi em suas recordações de verões passados,
Sim, pobre avezinha,
Impotentente,
Vê-se absorta pelo mundo cinza que a cerca,
O que fazer?
Nada a fazer,
Apenas esperar,
Esperar o sol,
Esperar a cura,
Esperar que outras aves rumem para o amanhã,
Ali onde a saudade entorpece o coração,
E onde o forte se anula em dor,
Onde os heróis se sabem impotentes,
Tragando a fumaça da incerteza,
Bebendo na taça de um amor que não vem".
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