Situo-me no fundo de mim mesmo agora.
Não sei ao certo o que dizer se tudo aqui é espera.
A palavra não eclode em mim e assim a primavera dá lugar ao sol.
Acontece que tudo aqui exige a palavra que não vem.
O que fazer quando a palavra não vem?
Nada, apenas respirar fundo e adejar em silêncio.
Sinto Deus perto de mim, Presença em mim que transporta-me e que transcende-me sobremodo.
Calo em mim a palavra amar, verbete que define a tudo o que penso sentir.
Mas amar dói? Resta saber em qual perspectiva.
A palavra amar contém quatro grandes universos que mais admiro,
Amar enquanto ato do amor em si.
A palavra mar que me remete às travessias.
Mar, como lugar onde velejo para longe de tudo que se chama nostalgia,
E, a palavra ar.
Nada melhor que respirar o ar dos campos, onde jardins floridos dão lugar aos sonhos.
Vôo profundo no céu de oceanos azuis e montanhas cinzentas.
Daqui eu vejo as pipas presas às linhas que seguram meninos nas ruas.
Vejo aves voando na direção do adeus.
E finalmente, amar contém no sentido contrário o verbete rama.
Aqui a esperança não traz confusão. O verde é ramalhete na guirlanda do afeto.
Folhas de outonos distantes.
Rama é semente que refaz o mundo.
Amar é tudo isso! É mar, é ar, é rama.
Amar é simplesmente amor.
Amar é rocha firme sobre a qual meu corpo simplesmente espera.
De onde o meu olhar contempla a eternidade.
Amar é mais que uma questão de semântica.
Amar é mar,
É céu,
É ar,
É voar sem asas por ai sobre o céu da cidade,
É ramalhete de esperança,
Mas é antes e acima de tudo a palavra que me faz ser quem sou.
E o que sou?
Um menino, apenas um menino, empinador de pipas,
Sim, um menino que encontra nas palavras as linhas,
E uma maneira de significar o seu mundo: semântica.
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