quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Onde Não Há Mais Trilhos



Sem querer tomei o trem para a última estação dos sonhos.

Sinto-me estrela em céu carregado de densas nuvens.


Uma dor de peso eterno me invadiu o peito,

E as amoras ainda nem estão maduras.


Gosto das flores, do vento frio e do silêncio,

Mas não compreendo o céu sem o sol que me aquece a alma.


Correr atrás do vento é coisa de quem só sabe amar;

Amar meu senhor, é seguir os trilhos enquanto o amor se vai.


Eu nunca fui bom na arte de amar,

É certo que essa coisa de amor vem de berço,

E o meu se perdeu na terra do nunca.


Damos o que temos e assim se afirma a vida.

Um dia eu vou parar de correr atrás do vento,


O vento não é pai ninguém.

Quem semeia vento colhe tempestade.


O mar está agitado e minha alma navega à deriva.

Deverei assumir outra paternidade,

Poderei ser o filho do trovão,

O filho da chuva,
filho da noite,

Ou quem sabe filho da solidão.


Sim, é isso mesmo, sou filho do vazio, do vácuo.

Para onde iria o trem se não há mais trilhos?

Para onde irei eu se na estação o sol já não dá a sua luz?


Para o fim do túnel.

Esse é o lugar de quem precisa de uma inexistência anil.

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