Sem querer tomei o trem para a última estação dos sonhos.
Sinto-me estrela em céu carregado de densas nuvens.
Uma dor de peso eterno me invadiu o peito,
E as amoras ainda nem estão maduras.
Gosto das flores, do vento frio e do silêncio,
Mas não compreendo o céu sem o sol que me aquece a alma.
Correr atrás do vento é coisa de quem só sabe amar;
Amar meu senhor, é seguir os trilhos enquanto o amor se vai.
Eu nunca fui bom na arte de amar,
É certo que essa coisa de amor vem de berço,
E o meu se perdeu na terra do nunca.
Damos o que temos e assim se afirma a vida.
Um dia eu vou parar de correr atrás do vento,
O vento não é pai ninguém.
Quem semeia vento colhe tempestade.
O mar está agitado e minha alma navega à deriva.
Deverei assumir outra paternidade,
Poderei ser o filho do trovão,
O filho da chuva,
filho da noite,
Ou quem sabe filho da solidão.
Sim, é isso mesmo, sou filho do vazio, do vácuo.
Para onde iria o trem se não há mais trilhos?
Para onde irei eu se na estação o sol já não dá a sua luz?
Para o fim do túnel.
Esse é o lugar de quem precisa de uma inexistência anil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário