Hoje o sol se despediu mais cedo,
Uma névoa suave cobre a cidade que brilhava num azul estonteante,
Sob a neblina, o meu coração segue o rumo das gaivotas,
Não sabe ao certo onde vai pousar,
Mas, voa firme ante às intempéries.
Sinto-me um barco à vela navegando sobre calmas águas,
Não sei dizer por que, mas dou-me à quietude sem culpa.
Deus, em algum lugar me prepara um chão,
Pois, Ele sabe que sem uma terra o homem não é nada.
Espinho vai ficando para trás e para trás ficam as mágoas.
Já não basta o Espinho na carne?
De um Porto sigo para o outro sem medo.
A face de Deus se esconde onde há o amor,
E amando vou levando a vida.
O amor é o pão de cada dia de quem O conhece.
Tudo por amor, é a base do que vivo.
Se amando errei, errei por amor,
Se amando acertei, não fiz nada além do meu dever.
Amar ainda é a mais bela coisa desta vida.
Uma cerração cobre o meu corpo que no frio aninha sonhos.
Cuido do meu corpo, meu maior patrimônio,
Minha riqueza acima das outras daqui,
Porém, não mais especial que as de lá,
Onde a eternidade abriga a fé, a esperança e o amor.
Sacudo a poeira dos pés,
No entanto na alma vou levando o que aprendi,
A poeira não pode estar na alma,
Uma vez que nos pés já não estão.
É isso, salto entre abismos é a minha vida.
Vou caminhando sem culpa, sem medo e sem dor.
Orei ontem a minha angústia,
E hoje sorvo o que sobrou,
Um coração puro e um olhar entre a névoa e o mar.
Uma melodia eclode,
Porque em mim renasce o desejo.
Quero em breve soltar pipas por ai,
Correr com minhas pequenas e faze-las amar a Deus,
Acima de tudo e de todos,
Vestir-me da inocência e viver do que a fé e a honra são capazes de produzir.
Não quero nada que não seja fruto da ternura.
Sou ave que voa entre abismos,
Uma mera ave cuja beleza está no seu voo.
E voando eu vou para onde o Vento levar-me.
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