segunda-feira, 16 de maio de 2011

Quando A Palavra Claudica - Cruz Das Almas 13 de Maio 2011


Hoje me sinto esperança, numa terra seca e sem vida.
O que espero? Não sei ao certo.


Mora em mim um desejo de andar por ai, mundo afora.
Seguir estradas que levem a pores-do-sol distantes.


Quero conhecer desertos, florestas, montanhas, lagos e mares.
Atravessar os sete mares nesse mundo de meu Deus.


Quero ver nascer o Sol em manhãs de invernos;
Quero as marés de outonos;
E do verão, as chuvas de março.


Não sei porque a palavra não vem,
Esconde-se em algum lugar em mim,
Lugar este que eu mesmo não sei onde fica.


Um poeta sem palavras é como noite sem estrelas.
Os poetas morrem quando as palavras não eclodem.
É como estar à beira do mar sob um céu sem luar.


A lâmina do tempo corta a espera.
E na pedra o amor afia a navalha do desejo.
Sinto-me menino de novo.


Mera incerteza;
Doce alegria vivida ao sabor de uma espiritualidade sadia,
Sombra de um sonho que se fez poeira no olhar.


O que espero agora? Não sei.
Se eu soubesse, esta poesia não seria mais que um verso natimorto,


Lançado no ignoto,
Na escuridão de mim.


Escondida em minhas trevas interiores.
A escravidão de ontem ainda lesa o futuro de muitos.


Onde andará a liberdade? Ninguém sabe responder.
O mundo é cárcere de almas livres.


A palavra não vem. Estaria ela aprisionada?
Na senzala? 


Na Casa Grande? 
Por onde andará? Não sei. 


A senzala em mim é ainda o lugar do canto de esperança.
O que espero? 
Acho que espero o amor e a simplicidade das coisas.

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