sexta-feira, 29 de julho de 2011

Areia Do Mar


  
O barco à vela no mar espera o vento.
O coração saudoso se lança ao mar de amor na espera.
Os pés que esperam na areia anseiam da maré o afeto.
A vida feita melodia alegre ancora no cais do desejo.

O que espera o olhar além da jangada que transporta o tempo?
Meu corpo repousa na espuma que acompanha as ondas.
Na areia do mar o meu desejo se fez desenho de amor.
Alva, límpida, macia e desconcertante para pés que se apressam.

Nas pedras as águas arrebentam os medos.
Na areia se espalham em verso e prosa.
O mar é feito de segredos, sonhos infantis,
A areia do mar é na poesia a alma que decanta o corpo.

O mar é feito de plenitude,
A areia do mar é sua ternura feita em grãos.
No mar o amor se eterniza,
Na areia do mar a eternidade é afeto e sorriso meigo.

Ao mar eu ria do esplendor do Sol,
Na areia eu lia os versos de amor de Pessoa.
O mar de areia é o avesso da areia do mar,
Mas ambas para mim se inscrevem como ternura para não esquecer.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Pipas no Céu De Outono!


O que posso fazer se venta no outono?
No céu as pipas colorem o olhar que te procura.
Na terra, os pés céleres de meninos desnudos correm.
E eu, parado ali, entre linhas, barbantes, papéis e cores, te vejo.
Nas mãos, linhas presas a destinos incertos entre olhares lânguidos que se cruzam.
Amores de outono são afetos, feito pipas levadas pelo vento às alturas.
Sinto-me pipa colorida que atravessa o tempo e voa alto,
Onde o amor é vento que eleva os sonhos que colorem os céus do teu olhar.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Gira Mundo!


Gira mundo. Gira, gira, gira.
Mundo gira, vira, vira, vira.
Meu nome é Raymundo.
Gira mundo, vai ao fundo de si mesmo.
Vira mundo, gira como um peão.
Meu nome não é Raymundo.
Roda vento! Leva o meu amor a fundo.
Gira, gira, gira Raymundo, o mundo.
Vira tudo.
Dá teu grito, revira, vira escamoteia.
Grita teu amor, tua dor, tua saudade.
Mundo! Mundo que gira Raymundos por ai.
Vira! Gira, gira, gira até cair no vórtice.
Eterniza-te no desejo de girar os mundos.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Canções Em Cabaças

Os ventos ainda sopram na velha montanha da saudade.
Saudade é reedição, memória viva de momentos eternos idos.
Sinto saudade de fragmentos de alegrias bebidas na taça da vida.
O campo de gira-sóis gira o meu sol pelo avesso.
A cabaça posta na cabeça encabeça berimbaus solitários.
A melodia de uma nota só faz festa na Bahia que minha alma ama.
Enquanto gira o sol, meu dia passa e da janela vejo as flores.
Tudo gira ao som que da alegria faz girar o mundo à minha volta.
Sou amigo de amigos que se foram sem dizer para onde.
Sou poeta que se inscreve na pauta do silêncio, melodia cantada com os olhos.
Sou menino que o poeta descreveu um dia.
Sinto saudade do menino em mim, que tocava canções em cabaças pelo mundo.

Leveza






As folhas de inverno caem dando vez à primavera.

Um tom de rara beleza enternece o olhar do menino poeta.

Minha alma anelante percebe a leveza ao redor.

Quando há amor tudo é leve.

O que sinto na alma tem cheiro de amoras verdes,

Desejo banhado de perfume como em carta de amor.

A leveza faz parte das coisas que têm peso de eternidade.

Amo a leveza quando esta dá o ar de sua graça.

Num sorriso de uma criança,

Num verso escrito na parede,

Num coração escrito no juazeiro, quando a saudade aperta.

Amo a leveza quando esta toca o meu rosto, com seu hálito de cerejas no pé.

Em mim a leveza é azul,

Por mim seu sabor é doce, como doce são as poesias feitas com amor.

Amo a tudo que é leve.

A leveza em mim se transforma em versos lançados para a eternidade.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

À Noite


À noite a minha alma esconde-se na neblina do teu olhar.
Em silêncio, sou quietude quando tudo é pardo e os pardais se aninham.
A luz da lua lá fora me aquece tênue e da penumbra um sussurro se pode ouvir.
É o amor ancorado no tempo como navio que espera no cais,
A noite é assim, quando não há estrelas há saudade,
Uma espera que se eterniza enquanto os olhos lacrimejam ao vento.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Quando A Cura É A Palavra!


A escrita é a cura do poeta, quando enfermo da palavra não dita.
No papel, no verso e nas palavras, sua alma sensível emoldura-se e se traduz.
Escrever é a arte através da qual o poeta declara seu mundo imaginário e finito.
A palavra é a cura da alma do poeta ferido pelo silêncio entre gritos.
A poesia por assim dizer, é para o poeta sua logoterapia.
Frankl entendeu dos poetas a essência.
Poesia é escolha, escolha do sentido das coisas da alma do poeta.
O poeta é um enfermo dos fomentos do espírito e do mundo.
O amor é sua chaga mais profunda.
O poeta vive à margem da dor e da alegria.
A vida exige do poeta os seus sentidos,
Posto que em sua parturição, eclode a palavra, os versos e a escrita,
Enquanto metaforiza, o poeta sangra existências

Espera!


Antes que o amor emudeça o mundo, eu canto.
Durante o meu canto, que a poesia se faça ouvir pelo ar.
Depois, só restará a lembrança de uma melodia leve e feliz.
Feito bolha de sabão; eterna, como um cristal que reluz.
Minha alma cantante para tanto, espera o afeto,
E agora? Eu canto antes que o amor emudeça.

domingo, 17 de julho de 2011

A Palavra


A palavra quebra a pedra.
A pedra quebra o tempo.
A alma quebra a palavra, a pedra e o tempo.
Porque somente a alma eterniza-se.
O amor é a leveza que eterniza na alma a palavra, a pedra e o tempo.

sábado, 16 de julho de 2011

Semântica


Uma palavra,
Sílaba dádiva dada na neblina do amor.
Um sinônimo,
Verso posto ao avesso no silêncio.
Labirinto de uma alma que se sabe à procura.
Símbolo e expressão do ritual da vida que o fogo devora no altar,
Onde o amor existe e sobrevive, feito folhas de outono.
Uma palavra,
Poema feito de lágrimas, dor e um respirar profundo.    

Individualidade





 
Amo degustar sorvetes de morango.
Que prazeres há mais agradáveis?
A vida é feita de sabores, sons, tons particulares,
Gostos exclusivos, um pouco de altruísmo e excentricidade.

Um Chá E A Eternidade


Gosto das manhãs de inverno.
Nelas, tudo em mim é saudade.
Uma chávena chá de flores posta sobre a mesa;
Corpo aquecido e a fumaça da xícara ganhando as alturas.
Um dedo de prosa, a gente amada e o aroma de tília.
O que há mais exuberante que as manhãs de inverno?
O amor sentido ai onde a eternidade é vivida entre afetos sinceros. 

domingo, 10 de julho de 2011

Trilhas Sem Trilhos


Os olhos que a tudo vêm não se vêm.
O que desejam os olhos além do olhar?
Não são os olhos que vêm, mas o espírito.
O que deseja o espírito? Sabe Deus!
Fingimos saber das coisas do espírito.
Metafísica de uma física esgotada de inquirir.
Floresta densa que esconde a estrada.
A vida se apequena quando já não há mais trilhos.
Os pés sedentos de ontem se fizeram cansados junto ao poço.
Não é de pés que precisam as fontes,
Os pés precisam de trilhos.
E as fontes de encontros encantados de amores eternos.
Já não há mais bondes por ai e os trens quedaram silentes na velha estação.
Se não há trilhos, restam as trilhas.
Veredas antigas de um coração que ainda ama enquanto parte.
Partido, parte em silêncio como silente está o trem na estação.
Para onde irão os pés se o espírito já não sabe o que deseja enxergar?
Minha alma deseja o amor plantado a beira de caminhos dormentes.
O amor é como bolha de sabão, comporta a eternidade em paredes transparentes.
Insustentável leveza de um ser que espera.
O menino sopra as bolhas e as bolas em sonho ganham alturas.
Coloridas, flutuantes e breves como uma sonata de amor.
Como o ser em Si se desfazem, no ar onde o tempo urge.
Pelo que espera o ser? Sabe Deus!
As esperas se esgotaram na última estação.
Os pés sem os trilhos marcam passos, não caminham.
A estrada segue o seu curso e o vento apenas sopra sua brisa suave.
Serena noite sem neblina na terra do adeus.
Viajo em navios negreiros para a terras da África,
Persigo rubis que sob a terra esperam o Sol.
Aguardo a luz que faz diamantes o amor sem fim.
Enquanto espero sorvo o vento, 
Temporais amenos que acalentam a face.


Tormentas de invernos que não rasgam a história,


Feita de poesias regadas à lágrimas sinceras.