"O olhar debruçou no horizonte o seu desejo,
na velha cerca da estrada o vermelho das orquídias
que destilam o aroma ferido ao orvalho da noite.
O olhar verteu o céu de azul-anil sobre as montanhas,
peripércia de meninos que voam suspensos em balanços,
presos às jaqueiras nos quintais distantes.
O olhar dragou o chão que acolhe o grão,
onde os pardais se fartam de comer a sobra
do labor de ontem na lavoura de trigo e arroz.
O olhar se viu só,
enquanto a alma derramava aos borbotões
a lágrima que tangia a melodia da esperança.
O olhar farto do mundo,
farto de ver,
infarta quando o amor demora chegar."
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