sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Perdão



"A mão que afaga a pele da criança foi traspassada,
Enquanto o peito sangrava a dor que o vento insistia em não levar.
Os pregos,
A lança,
A coroa de espinhos,
A cor do vermelho que escorria no olhos,
Trazia a lembrança do amor sincero dado gratuitamente.

Sangue, suor e lágrimas;
Nenhum gemido de protesto,
Nenhuma palavra blasfema,
Nenhuma revolta em forma de gesto,
Nada que lhe pudesse tirar a nobreza ou enrrugar a beleza.

Anos passados,
Pés feridos;
A tristeza veio a galope, voando rasteira,
Os melhores amigos se foram,
Porém, seu coração insistia em amar,
Seu assombro fez ruir a alegria,
Seu terror brandiu a espada nua e fria no colo do coração que amava;
Uma palavra,
O silêncio como pão comido no escuro,
A traição,
A morte,
Sua paga pelo bem que fez,
Sorte em ruínas.

A pele enrrugada desejando o toque de quem partiu,
O afeto esmigalhou-se,
O pote quebrou-se junto à fonte,
Solidão;
Uma canção se fez ouvir,
Cuja melodia vaga na saudade de dias passados, e, de casa,
O último olhar,
Um adeus em forma de olhar,
Um até breve,
Volte logo,
Todavia o semblante refletia a alma do que jazia ao pó.

Perdão,
A mais doces melodias cantadas de perto ou à distância,
Um afeto,
Um sorriso,
Um gesto que se eternizou,
A cruz deixada para trás,
O averso da luz,
Uma rua solitária,
Sepulcre que abriga a semente,
O Cristo se fez amor no olhar,
As chagas eram sua lembrança mais profunda da humanidade,
E de sua alma uma palavra não quiz calar:
PAI, PERDOA-LHES PORQUE NÃO SABEM O QUE FAZEM".

Um comentário:

Anônimo disse...

Robério nesse poema.......vc se superou em tudo........Extremamente lindo!!! Como o perdão é forte e profundo!!
Abraços