quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Arquétipo do Jardim


Gosto de plantar jardins
Mas minha vida citadina faz oposição a isto.
Minha alma quer as flores, mas minha razão me cobra o tempo.
Tempo desperdiçado com coisas e pessoas funestas.

A minha mãe não plantava jardins, mas sabia amar as flores,
Foi dela o meu primeiro poema, a primeira canção e sonhos.
Seu sorriso petrificou em mim o tempo,
Seu olhar em tempos de fome denunciava a sua fé.

Das flores ela era a mais bela,
Suas pétalas ainda perfumam o meu mundo.
Gosto de plantar jardins,
Pois os jardins são encantados: pequeno mundo de sonhos.

Não gosto de quem não gosta de jardins,
Os jardins distraem o olhar enquanto a alma viaja para longe.
Eu gosto mesmo é das bromélias, magnólias e dos ipês.
Não há jardins verdadeiros sem copos-de-leite, anões e anjos de gesso.

Somos nascidos no jardim,
O Éden é jardim onde Deus é artista plástico e nós sua obra prima.
Poemas de Deus é o que somos: frutos do jardim.
Sempre haverá um arquétipo do jardim em nós.

Eu acho que é por isso que eu gosto tanto de plantar.

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