sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Solidão





"O sol escondeu o seu sorriso entre núvens tímidas,


também sua razão de brilhar se foi!


A lua, linda e viçosa,

esperança e canção de sua alma partiu façeira,

enquanto, seu perfume, molhava o chão da saudade,

ali onde poucos sóis sobrevivem,

onde a dor persiste em doer,

onde aves belas que antes voavam e cantavam,

apenas saltitam serelepes com um grunhido triste no peito,

ali onde estrelas ensaiam a valsa de inverno que não mais será tocada,

onde a dança da magia jamais desenhará o piso opaco da beleza na festa do meu cansado coração,

este, já conhece a estrada e solitário se fez,

viandante com olhar no horizonte destila a vida entre a sede, a água e o cântaro;

me fiz lágrima vertida no olhar do desejo,

me fiz verso nos lábios do cantador,

do poeta eu fui a prosa,

do vaqueiro eu fui o mote,

e, com pouca sorte, me vi andando solitário de novo,

mas o que fazer se a alma esquece que amar é uma dor?



A angústia explode o meu peito como a cascata quebra as pedras no véu de noiva que dos


montes desnuda o céu,

aqui estou eu:

meu medo,

meu passado,

minha solidão,

o amor, bandido de brincadeiras infantis,

sorriu pra mim, mas logo se foi,

pegou carona no vento,

sequer franziu sua face;

deixou um rastro na areia,
uma palavra em forma de poema,

um verso em forma de afeto;

alegria que veio,

e ligeira se foi,

levando o pouco que restava,

e quanto a mim?


Me recolho à minha insignificância...

bebo o cálice de vinho de adegas de ontem,

ainda hoje vejo arder em mim o toque do olhar que rumou para o sol.


O olhar que esconde a lágrima,

um um sorriso contente,

uma pérola de mares escuros,

terra dos deuses antropóides,

uma ternura,

o mimo na leveza de olhos que se sabem saudosos".

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