"O sol escondeu o seu sorriso entre núvens tímidas,
também sua razão de brilhar se foi!
A lua, linda e viçosa,
esperança e canção de sua alma partiu façeira,
enquanto, seu perfume, molhava o chão da saudade,
ali onde poucos sóis sobrevivem,
onde a dor persiste em doer,
onde aves belas que antes voavam e cantavam,
apenas saltitam serelepes com um grunhido triste no peito,
ali onde estrelas ensaiam a valsa de inverno que não mais será tocada,
onde a dança da magia jamais desenhará o piso opaco da beleza na festa do meu cansado coração,
este, já conhece a estrada e solitário se fez,
viandante com olhar no horizonte destila a vida entre a sede, a água e o cântaro;
me fiz lágrima vertida no olhar do desejo,
me fiz verso nos lábios do cantador,
do poeta eu fui a prosa,
do vaqueiro eu fui o mote,
e, com pouca sorte, me vi andando solitário de novo,
mas o que fazer se a alma esquece que amar é uma dor?
A angústia explode o meu peito como a cascata quebra as pedras no véu de noiva que dos
montes desnuda o céu,
aqui estou eu:
meu medo,
meu passado,
minha solidão,
o amor, bandido de brincadeiras infantis,
sorriu pra mim, mas logo se foi,
pegou carona no vento,
sequer franziu sua face;
deixou um rastro na areia,
uma palavra em forma de poema,
um verso em forma de afeto;
alegria que veio,
e ligeira se foi,
levando o pouco que restava,
e quanto a mim?
Me recolho à minha insignificância...
bebo o cálice de vinho de adegas de ontem,
ainda hoje vejo arder em mim o toque do olhar que rumou para o sol.
O olhar que esconde a lágrima,
um um sorriso contente,
uma pérola de mares escuros,
terra dos deuses antropóides,
uma ternura,
o mimo na leveza de olhos que se sabem saudosos".
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