quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Coisas Insignificantes





"Hoje eu me sinto menor que um grão de areia,

minha finitude me devora,


E suas garras fazem em mim crateras lunares,

Golpes fulminantes me levaram à lona,

Beijei o pó, enquanto percebia que eu era apenas um conto ligeiro.

Notei-me insignificante ante às surpresas que esta vida traz,

Sinto-me como uma velha pá pendurada num celeiro da fazenda,

Onde a poeira esconde as marcas daquilo que já foi útil um dia,

Deixei o silêncio dominar meu mundo interior,


Enquanto ouvia ecos de um passado distante.


Nada nem ninguém pode ser mais importante que o torpor daquele instante,

As mãos formigando,


Os pés flutuando sobre um chão de vidro,


enquanto a boca sedenta clamando por paz,

destilava a prece que a alimenta em tempos de vendavais e tormentas.


Joguei fora o medo e apeguei-me à doce ilusão de que a vida é breve.


Tocar a finitude não é de tudo ruim,


Mas dá uma sensação de desterro,

Saber que tudo que se ama ficará para trás,

Porém, pior mesmo é saber-se não amado, ou ser deixado para trás,

Portanto, para mim, o tom da morte é o desamor,


Amar e ser amado é seu melhor antídoto.


A vida viaja ligeiro, navega impoluta nas águas do destino,

Poucos são os que não naufragaram em tais águas,

Até descobrir que a finitude é um dom, um privilégio,

Pois, o corpo viciado do mundo se cansa,

Faz da morte umparto para uma outra vida.


O além reserva o ignoto ao coração,

A fé arquiteta belas ruas e largas praças com janelas abertas para o paraíso,

Ali onde Deus é a plenitude de tudo,

Sim, onde nós somos mais do que meras coisas insignificantes".

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