"Hoje eu me sinto menor que um grão de areia,
minha finitude me devora,
E suas garras fazem em mim crateras lunares,
Golpes fulminantes me levaram à lona,
Beijei o pó, enquanto percebia que eu era apenas um conto ligeiro.
Notei-me insignificante ante às surpresas que esta vida traz,
Notei-me insignificante ante às surpresas que esta vida traz,
Sinto-me como uma velha pá pendurada num celeiro da fazenda,
Onde a poeira esconde as marcas daquilo que já foi útil um dia,
Deixei o silêncio dominar meu mundo interior,
Enquanto ouvia ecos de um passado distante.
Nada nem ninguém pode ser mais importante que o torpor daquele instante,
As mãos formigando,
Os pés flutuando sobre um chão de vidro,
enquanto a boca sedenta clamando por paz,
destilava a prece que a alimenta em tempos de vendavais e tormentas.
Joguei fora o medo e apeguei-me à doce ilusão de que a vida é breve.
Tocar a finitude não é de tudo ruim,
Tocar a finitude não é de tudo ruim,
Mas dá uma sensação de desterro,
Saber que tudo que se ama ficará para trás,
Porém, pior mesmo é saber-se não amado, ou ser deixado para trás,
Portanto, para mim, o tom da morte é o desamor,
Amar e ser amado é seu melhor antídoto.
A vida viaja ligeiro, navega impoluta nas águas do destino,
Poucos são os que não naufragaram em tais águas,
Até descobrir que a finitude é um dom, um privilégio,
Pois, o corpo viciado do mundo se cansa,
Faz da morte umparto para uma outra vida.
O além reserva o ignoto ao coração,
A fé arquiteta belas ruas e largas praças com janelas abertas para o paraíso,
Ali onde Deus é a plenitude de tudo,
Sim, onde nós somos mais do que meras coisas insignificantes".
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