quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Terra da saudade






"O sol fechou suas cortinas douradas

e o azul do céu deu lugar à negrura pálida da nostalgia,

senti o hálito do tempo baforar em minhas narinas seu aroma quente,

vi destilarem em mim as lágrimas de dias que se foram,

tardes sombrias de sois brandos,

onde o vento levantava a poeira de onde saíam as meninas que corriam nas ruas,

sim, ali onde a malícia não atingia nosso olhar,

o olhar de meninos famintos por brinquedos manufaturados no fundo do quintal;

embora, o dessejo forte da paixão já esquentasse o pão no fogão à lenha da história,

sim, ali onde crescíamos e não nos dávamos conta.


Sinto saudade de mim mesmo,

menino, frágil, desnudo, correndo ao léu,

pés descalço, ao tempo e ao vento,

um universo de sonhos na cabeça e no coração o mar de desejos.

Sinto saudade de ti, terra jamais vista,

porém, desejada como outros mares distantes.


O véu que quebra o olhar se fez notar na penumbra do sorriso que se fechou com a última janela,
nasceu a esperança de encontrar a vida,

sim, nasceu a saudade de um tempo florido,

de dias inocentes,

do amor adolescente,

do calor sol,

das flores de invernos,

de verões passados,

sim, parti com o último trem que partiu,

me vi absorto, recluso em minha individualidade,

e a única palavra que retumbava em meu peito era: esperança;

o objeto do desejo na terra da paixão,

sim, na terra da saudade, onde mar e céu se fazem um só corpo".

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