terça-feira, 23 de março de 2010

E O Menino Caminha ...




E o menino caminha e caminhando chega no mundo.


O mundo é um lugar para o qual olhos e pés que se sabem distantes desejam ir.


E o menino caminha sobre trilhos que rumam para velhas estações.




Equilibra-se de braços abertos enquanto a alma adeja,




Olhos e pés fitos sobre a malha férrea,




Trilha tortuosa que o capim esconde entre muros.



O menino não sabe que o trem deixou de passar por ali já há muito.



O apito de outrora ainda ecoa na escuta da saudade.



O trem vara as estações: primavera, verão, outono e inverno.



Na igrejinha o sino brande sua espada onde a fé arqueja cedo.



Onde dará a curva dessa estrada?



O futuro é uma esquina logo ali.



O menino simplesmente não sabe.



O menino nada sabe.



Sinto-me caminhando sobre trilhos que perfuram trilhas.




As trilhas que desejo não são as mesmas que tenho diante dos meus olhos.



O meu olhar deseja muito mais que meras estações.



As águas de março embelezam a moldura do dia e minha



vida como mourão que cerca o roçado se faz silêncio.

Ando absorto por ai.



Não sinto as horas e pequenas atividades já não me apetecem.



Fujo de tudo que se chama tédio.



Hoje o meu nome é: espera.




Sou para mim mesmo um hiato.



Quem entenderia o meu sentimento? Foraclusão.




Prefiro calar-me, visto que não sei nem definir o que sinto.




Quem sou eu? Acho que...



O que desejo? Deixa-me ver...



Não sei. Até tentei dizer.



E o menino caminha e caminhando chega.




Aonde? Não sei. Em algum lugar que seja melhor que o agora.

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