E o menino caminha e caminhando chega no mundo.
O mundo é um lugar para o qual olhos e pés que se sabem distantes desejam ir.
E o menino caminha sobre trilhos que rumam para velhas estações.
Equilibra-se de braços abertos enquanto a alma adeja,
Olhos e pés fitos sobre a malha férrea,
Trilha tortuosa que o capim esconde entre muros.
O menino não sabe que o trem deixou de passar por ali já há muito.
O apito de outrora ainda ecoa na escuta da saudade.
O trem vara as estações: primavera, verão, outono e inverno.
Na igrejinha o sino brande sua espada onde a fé arqueja cedo.
Onde dará a curva dessa estrada?
O futuro é uma esquina logo ali.
O menino simplesmente não sabe.
O menino nada sabe.
Sinto-me caminhando sobre trilhos que perfuram trilhas.
As trilhas que desejo não são as mesmas que tenho diante dos meus olhos.
O meu olhar deseja muito mais que meras estações.
As águas de março embelezam a moldura do dia e minha
vida como mourão que cerca o roçado se faz silêncio.
Ando absorto por ai.
Não sinto as horas e pequenas atividades já não me apetecem.
Fujo de tudo que se chama tédio.
Hoje o meu nome é: espera.
Sou para mim mesmo um hiato.
Quem entenderia o meu sentimento? Foraclusão.
Prefiro calar-me, visto que não sei nem definir o que sinto.
Quem sou eu? Acho que...
O que desejo? Deixa-me ver...
Não sei. Até tentei dizer.
E o menino caminha e caminhando chega.
Aonde? Não sei. Em algum lugar que seja melhor que o agora.
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