quinta-feira, 16 de abril de 2009

Não quero ser mais poeta




Um poeta é o ocaso da racionalidade,
Mero acaso que enrubesce o sol,
Ocaso do acaso de certezas sepultadas nas nuvens.

Um poeta meu senhor, é dor que anda,
É prosa, é verso, é clamor,
É silêncio sem fim no túnel da palavra.

Não quero ser mais poeta,
A sociedade dos poetas morre,
Só os mortos da sociedade dos poetas mortos ainda vivem.

Quero ser menino sem sombra,
Fantasma de mim em terreiros de outrora,
Quintais de sossegos na tapera de seu Né.

Dona Guiomar já pôs o feijão no fogão a lenha,
O milho já está assando e os olhos não se cansam
De ver a montanha que esconde o sol.

O sol seu menino,
Escondeu-se, quando meu olhar desejou seu sorriso,
E daqui, do topo dessa mangueira vejo o balanço balançando ao vento.

Não quero ser mais poeta,
Poetas morrem sozinhos,
Quero ser um zangão para sair zangado por ai.

Quero ser vendedor de algodão doce,
Pois, aguça o olhar das crianças, a despeito da roupa que veste,
Não quero ser mais poeta, pois, os poetas não morrem mesmo se sepultados.

Não quero ser mais nada,
Apenas desejo terminar o que comecei sem pedir,
Meus dias de sóis e prosas de versos vazios de mim.

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