Alguma coisa em mim permanece irrequieta,
Seria a minha alma?
Respiração ofegante,
Uma névoa de tristeza,
Dessas que cobrem as estações de trens em madrugadas de invernos frios.
Um ar de nostalgia inquieta-me,
E meu coração sangrando, segue o passo do gado aquilatando o incompreensível.
E eu, sem saídas, nem sei dizer a razão.
Suspeito que o rebuliço da minha alma tenha a ver com as coisas da saudade, ou não.
Falo das coisas que a gente guarda no baú para ninguém ver: infância, família e inocência.
Decidi escrever porque a mente não consegue conduzir o meu corpo para outra atividade.
Refiro-me à letargia que a alma insatisfeita produz e provoca no corpo.
A alma é tirânica, egocêntrica e infantil, visto que exige a subserviência do corpo.
Não dialoga, não transige nem negocia.
Respiro fundo.
Suspiro profundo.
Vou ao fundo, bem fundo das coisas que quero negar.
Fujo das minhas buliçosas angústias.
A cortina azul da minha sala lembra-me o céu que daqui não posso ver.
Ausculto-me e nada escuto, e assim, discuto comigo mesmo: monólogo sem fim.
A guerra se instala em mim, entre Ego, Superego e Id: nada se resolve nesse triângulo assassínio.
Assentado ali, assento a poeira da refrega de ontem, olhando a rua.
Vejo-me menino correndo na chuva,
Ao léu, açoitado pelo vento,
Sem rumo,
Sem solidão ou máscaras,
De mãos dadas com a alegria, minha eterna companheira.
Numa manhã de chuva e sol,
Daquelas que a gente se sente criança de novo anafando-se de algazarras.
Imagino-me voando por ai,
Como um Ícaro ou sobre um pégaso afim de acordar a alva.
Pés descalços. Aliás, para que os pés se as asas nos libertam do chão?
Decanto-me num canto, posto num canteiro, como flor de ir embora.
Sigo a estrada que me leva de volta para casa.
A cidade está deserta e eu aqui, sou só areia.
As ruas destilam silêncio.
O meu olhar encontra o mar,
E o mar se faz amor.
Ternura de um olhar que quer a vida que se esconde do outro lado da flor.
A flor de ir embora.
E lá vou eu,
Alço vôo,
Atravesso nuvens,
Vou até os confins de mim mesmo.
Estrada que ruma para a eternidade de um sorriso singelo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário