segunda-feira, 7 de junho de 2010

Vórtice



Uma larva se alimenta ali solitária.

Leva a vida que se impõe soberana.

A larva leva a leve brevidade de si.

Seu casulo é sua morada: crisálida.

Lepidoptera, efeito borboleta em mim no caos da existência.

Eu amo as borboletas quando voam.

Admiro as que batem as asas despedindo-se do medo.

A rubi, a azul e a coruja me arrancam sorrisos.

A monarca, a vice-rei e a africana soam-me supremas.

A púrpura é o alter-ego da Glória esplendor de si mesma.

A folha, a branca e a bicuda, ocupam em mim lugar no espaço.

A lagarta é lugar comum de todas elas, mas é na beleza que todas findam a vida.

Borboletas enfeitam jardins e estes não subsistem sem poemas que voam,

Sem poetas que dancem na chuva.

Os poetas são como as borboletas, tecem em silêncio o seu próprio destino.

O casulo dos poetas é a angústia, sua metamorfose finda em poemas belos de amor e exuberância.

A coronilha, a da praia como os poetas, metamorfoseiam no escuro, à luz de si mesmas,

Sob o manto do luar vêm-se suas asas douradas,

Ao sol que raia sobre as flores pousa a rosa-de-luto.

Na existência, nua e crua o poeta se sabe lagarta,

Parado ali,

Calado ali,

Mas, em seus versos sua dimensão borboleta acontece para a vida: bela e colorida.

As borboletas me encantam nas primaveras alegres do agreste sertão.

Delas, eu insisto quero apenas o vôo, a liberdade, a beleza e a inocência.

Uma borboleta, uma vida, uma larva: ressurreição.

Tudo nasce, morre e renasce em torno de uma existência casulo.


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