O poeta é um fingidor...
Finge a dor nas palavras.
Atormenta-se com a dor de seus próprios fracassos.
O poeta é um fingidor...
Finge amor na dor que vem da vida e da morte.
Aquece a alma na fogueira do tempo.
O poeta finge a dor...
Dor do mundo e de si mesmo.
Os poetas e os atores comem na mesma cuia: fingem.
O poeta finge não sentir a dor que o atormenta.
Um poeta finge...
Simplesmente finge fingir.
Um poeta se esconde atrás das palavras.
As palavras fingem a dor.
A dor é fingida nos versos.
A dor finge o poeta...
Os versos dão à dor do poeta um tom.
Os poetas são como os outros homens que fingem.
Sou poeta e finjo.
Não finjo porque sou poeta,
Finjo porque sou como os outros homens.
Os homens fingem não serem poetas,
Fingem não sentir dor,
O amor paradoxalmente é certa forma de dor.
O poeta é uma dor que finge as palavras.
É dor de amor que vence a razão.
É razão que finge nas palavras o poeta que finge não sofrer.
A dor é um fingimento.
O poeta finge sentir, finge amar e finge estar vivo.
O poeta, a dor e o ato de fingir são fingimentos.
O poeta cinge a dor em si.
Todos sentem dor e fingem não serem poetas.
Nessa vida somos todos poetas.
Todos velamos a vida nas palavras.
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