quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Quando a estrada ensina!


Eu sinto as esporas do tempo afligirem a minha alma.

Nesta vida eu fiz de tudo um pouco.

Fui leiteiro, entregador de flores e cantei na rua tocando latas de tinta.

Fui pastor de ovelhas com cajado e tudo e alimentei aos porcos.

Andei por ai inventando alegrias, pois era tudo o que eu sabia fazer.



Eu contei prosa à beira da fogueira,

Comi carne assada sobre a lenha, assei milho e castanha.

Ao som da sanfona e da zabumba dancei, junto ao fogo.

Quem poderá esquecer os dias de quando a alma em leveza se fez amor?

Soltei balões, bombas e chuvinhas, enquanto meus olhos alvejavam as estrelas.



Eu sinto saudade de um lugar que não existe mais.

Tenho medo da quietude, quando esta significa a ausência de quem amo.

Eu amo a estrada, quando esta me devolve o mundo.

“A estrada ensina”, disse um poeta sertanejo montado em seu cavalo de duas rodas.

O perfume da caatinga exala e o aroma, feito de amor, coragem e simplicidade me entorpece.



Não sou eu quem percorre a estrada, esta é que me atravessa a alma para o sem-fim.

Os mundos que habito em mim nem se comparam com o que pisam os meus pés.

Um caracol se faz leal ao seu casulo, por onde anda leva-o a leveza.

Transporto os meus no intuito de fazer-me abrigo para alguém.

Eu sinto que a vida é um mapa para descobridores como eu, que amam cruzar suas linhas.






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