terça-feira, 9 de junho de 2009

O Céu do Deus Da Minha Mãe




O céu do meu sonho tem jardins cheios de flores alegres,

Ruas largas, becos, alamedas arborizadas e até praças espaçosas.


Seus muros de pedras preciosas refletem a luz de Deus, seu Sol.

Minha mãe falava sobre este lugar como se lá já tivesse ido alguma vez;

O fato, é que para mim, muitas vezes, eu visitei o céu por suas palavras.


Ouvi na minha fértil imaginação, melodias cantadas por anjos,

Avistei portais dourados e voei com os serafins entre os palácios.


O céu do Deus da minha mãe, era para mim,

o lugar mais encantador que eu jamais ouvira falar.


Revisito-o todas as vezes que sinto falta de uma canção de ninar.


É que nós adultos, mentimos, sempre que escondemos nossas carências.


Minha mãe dizia que no céu de seu Deus não haveria morte,

Nem dor e tampouco o sofrimento;

Eu amava aquela notícia, visto que, tais coisas,

Eram o pão de cada dia de meninos pobres vitimados pelo mundo,


E, que por isso, se nutriam de sonhos e esperança.


Era arrebatadora a prosa no escuro do quarto,

No aconchego do ninho sob o manto materno.


Ali onde esquecíamos a fome e a dor,

Contemplando a janela que dava para o paço real.


O Deus da minha mãe era um Rei,

Altíssimo, elevado, acima de todos os reis da terra,

E com Ele governava um Príncipe,

Seu Filho e com ele um séquito de anjos e querubins.


Assim, eu me perguntava avidamente:

Quando e como seria o dia da nossa partida?


Porém, eu temia a morte, visto que, esta era sempre uma incógnita,

Para os desprovidos de fé ou mesmo, para os de fé em formação como eu.


Sinto falta do tempo que do calor da sua costela eu avistava o trono de Deus,

Sinto falta do tempo em que o tempo parava para nós ao tocarmos à eternidade.


Minha mãe tinha o poder mágico de transportar-nos para o lugar mais belo dos

Sonhos, ali, entre o telhado e o aconchego da cama.


Ela mesma, alimentava a sua esperança,

Na dura vida que levava com os olhos fitos no céu.


A minha mãe tinha o céu como pano de fundo da sua vida.

Ainda hoje, eu anelo, como única coisa sólida das minhas certezas:

O céu do Deus da minha mãe.


A vida é como um conto ligeiro;

Nela podemos perder todas as coisas.


Eu já perdi muitas coisas nesta vida.


Vi passarem os anos;

Vi o tempo ruir aos meus pés;

Amigos que se foram e outros que vieram ocupar os espaços vazios,

Fiz do mundo a minha morada enquanto construía meus versos,

Todavia, no peito ainda guardo das reminiscências infantis,

O desejo de chegar ao céu do Deus da minha mãe.

Um comentário:

Binha disse...

Gostei muito desse poema!!! Abraços