As folhas parecem fazer greve para mim,
Despidas, as árvores em silêncio esperam a primavera,
Galhos secos, retorcidos e a alma hiberna ao pé do fogão a lenha.
O bonde segue os trilhos na direção das chuvas,
E eu na chuva faço o meu abrigo entre gotas cristalinas.
Ontem o vento uivou como um lobo,
Outra vez parecia um menino a chorar,
E daqui eu me fiz silêncio para ouvir o seu lamento.
O vento chora quando as flores não vêem.
Parecia brincar sozinho e chamava-me para sua dança solitária.
Ele bateu na minha porta e se fez notar em minha quietude.
Essa terra me faz sentir o passado distante,
Ternura de mim que se faz pétala nos sonhos encantados.
Apenas o oceano me separa do meu ser.
É que ser em terra alheia é não ser mais para o ninho.
Sinto a estrada absorver-me,
E assim, sou verme que só ao ver-me enverniza o linho.
A chuva molha o meu corpo e em mim acolho aquilo que só a neblina pode ocultar.
Sinto-me verso molhado,
Orvalho que as palavras encharcam de amor o poema que nasce do silêncio.