sábado, 27 de fevereiro de 2010

Invernos Meus




Sinto-me na fenda do tempo,

Algum lugar entre o passado e o presente.

Hoje estou mais perto de tudo que se chama espera.

O meu olhar procura nas ruas algo que me remeta ao que se foi,

Mas eu nada encontro que justifique a lembrança.

Sou brandura na terra de cores amenas.

Violeta que se faz tom de anil no olhar que deseja o mar.

A espada fria do tempo traspassa o meu corpo sem piedade.

O amor é mar que anoitece em mim o amanhecer.

A terra de sóis tímidos esconde o afeto na ventania.

As aves revoam sobre a areia e meu desejo de adejar pára ali claudicante.

Eu, daqui do meu lugar, em silêncio,


Apenas observo o impossível diante dos meus olhos acontecer.


A saudade me invade os sonhos e o céu rajado de um cinza chumbo,


Pare a esperança que estremece ao frio.


Todavia, ainda me sinto só.

Portugal tem alguma coisa queme faz nascer a nostalgia.

O Porto é lugar onde ancora a nossa dor mais suave.

O céu continua cinza, cheio de nuvens densas que ecoam a vida que desperta.

O chão sedento por um toque de mãos que marejam as flores,

Fica quieto ao vento que passa silente e rasteiro.

Avisto daqui pequenos flocos brancoscheios de vida e silêncio.

A neve flutua no ar do meu sorriso que anseia as horas.

Ai de mim que não sou barco que ancora no cais de dias frios.

O velho casario me encanta e dão sabor aos versos meus

Que pintam a tela dos sonhos.

Sim, está frio aqui!


E do Porto o vinho se faz sangue, suor e lágrima.

E a neve é a única realidade que me faz lembrar o quanto viver é belo.

A ternura do olhar de Deus é ar que alimenta meus pulmões de poeta distante.

Subscrevo-me poeta de invernos,

Distante do sol,

Das flores,

De um céu estrelado.

Estou feliz por saber que existir enche o meu peito de alegria,

E assim, uma palavra faz calar em mim a espera:

Saudade.

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