sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

À Vila Do Conde - Portugal 2010.




Vila do Conde continua a ser um lugar surpreendente,
Sua timidez esgarça a luz tíbia de postes sob neblina intensa.
Sua voz de cidade senil cala as gaivotas que sobrevoam o Ave.
As aves sobre o Ave são beleza tremeluzente que acalma o leito do rio.
Este segue sereno ao tom do vento que ruma para o mar.
Suas ruas de pedras lavradas estonteiam a esperança.

Vila do Conde é assim, a gente logo se apaixona.
Que ternura de lugar que encanta gente como eu.
Os olhos não se cansam de ver nem a alma dessedenta-se.
Suas naus de mares outros, esculpem o passado ante o nosso olhar.
Assento-me a falar com bonecos de praças e destilo a poesia em mim.
Desvendo o silêncio empoeirado de tabernas e minha alma agreste adeja.

Vila do Conde esconde minha Grádiva lavrada na pedra da memória.
Ando por ai a procura de mim mesmo sob a larva do tempo.
Seus vulcões eclodem o fumo que somente os poetas podem ver.
Olhos de poetas são assim encontram o belo no tosco e escavam velhos tesouros.
Os olhos não descansam nem as pálpebras dormitam,
Mas nem todos podem ver o que somente os poetas podem enxergar.
Já não há mais condes, mas a Vila do Conde eterniza-se ante o meu tinteiro, a pena e a palavra.

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