A vida a ferro e fogo dilacera o tempo,
Fogueira acesa ao frio do inverno nas montanhas.
A boca disseca o verbo enquanto o paladar dissolve o mel das palavras.
Seca-se a erva ali onde o olhar alcança a linha do horizonte,
Traço de um artista onde céu e terra se encontram e se fundem.
No fundo, toda palavra é dor ou amor do espírito anelante.
O espelho é porta para que o eu se perceba tíbio.
A imagem ali é força ou fraqueza de um ego em construção.
O que não é espelho é feio: narcisismo mórbido.
O medo faz parir titãs: janela aberta para a paranóia pueril.
Sinto um frio que não vem do mundo exterior,
A angústia tece o fio do desespero, enquanto a mente mente
Desprezando as cavernas lúgubres do ser que se devora.
Mar em fúria esse inconsciente que agita a gente
Que nem quer saber se o mar é mar.
Daqui do meu lugar eu observo o mundo.
Silêncio profundo se faz em mim enquanto sangro poemas.
A vida é breve como breve é uma bolha de sabão.
Estou aqui, ancorado no tempo,
Navego na espera, enquanto isso,
Vejo asas deltas adejando o céu da cidade.
O cais está ali e parte de mim é apenas desejo.
O meu nome é "tempo que não passa",
E eu, sou apenas, a pena que vaga por ai entre o tempo e o vento.
Miragem de um velho espelho luscofosoco que me alicia a ilusão.
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