segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Desertos Meus




Hoje me sinto um mar, como quando as ondas quebram na praia,

Na areia.

A brisa leve soprando traz um som que vem do infinito e me cativa a alma.

Na areia,

A minha pele se alimenta da palavra contida e o silêncio é apenas um desejo no fundo do meu ser,

Na areia.

Penso, logo existo, enquanto insisto em ver-me verme que renasce ao lume.

Na areia,

A melodia que ouço em mim agora é da mesma sinfonia que na primavera me tranzia o corpo.

Na areia,

O amor que ainda em mim habita é canção que se tocada faz chorar o poeta,

Na areia.

Faz sorrir o palhaço que do picadeiro despediu-se em lágrimas,

Na areia.

O amor em mim meu senhor, é pão comido junto ao fogão à lenha em manhãs de invernos.

Na areia.

É arco-íris. Furta a rosa furta-cor de cores vívidas postas em lençóis de sonhos,

Na areia.

A areia meu senhor, mareia os olhos de quem o mundo viu da janela da esperança.

É assim que me sinto hoje, um cântaro junto à fonte,

Como mãos que malham o trigo no lagar.

Lugar onde o tempo pára e o rouxinol se aventura ao seu canto solitário.

Na areia, 

Tudo é areia.

O mundo é areia,

O mar é areia,


Eu sou deserto de areia e flores,


eternas dunas que abundam em mim e eu nauseabundo caminho,


Na areia.

Um deserto falciforme desfaz-se na ampulheta do tempo.   

Na areia,

Mera distração para mim que me sei pó no mormaço desta vida.

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