Hoje me sinto um mar, como quando as ondas quebram na praia,
Na areia.
A brisa leve soprando traz um som que vem do infinito e me cativa a alma.
Na areia,
A minha pele se alimenta da palavra contida e o silêncio é apenas um desejo no fundo do meu ser,
Na areia.
Penso, logo existo, enquanto insisto em ver-me verme que renasce ao lume.
Na areia,
A melodia que ouço em mim agora é da mesma sinfonia que na primavera me tranzia o corpo.
Na areia,
O amor que ainda em mim habita é canção que se tocada faz chorar o poeta,
Na areia.
Faz sorrir o palhaço que do picadeiro despediu-se em lágrimas,
Na areia.
O amor em mim meu senhor, é pão comido junto ao fogão à lenha em manhãs de invernos.
Na areia.
É arco-íris. Furta a rosa furta-cor de cores vívidas postas em lençóis de sonhos,
Na areia.
A areia meu senhor, mareia os olhos de quem o mundo viu da janela da esperança.
É assim que me sinto hoje, um cântaro junto à fonte,
Como mãos que malham o trigo no lagar.
Lugar onde o tempo pára e o rouxinol se aventura ao seu canto solitário.
Na areia,
Tudo é areia.
O mundo é areia,
O mar é areia,
Eu sou deserto de areia e flores,
eternas dunas que abundam em mim e eu nauseabundo caminho,
Na areia.
Eu sou deserto de areia e flores,
eternas dunas que abundam em mim e eu nauseabundo caminho,
Na areia.
Um deserto falciforme desfaz-se na ampulheta do tempo.
Na areia,
Mera distração para mim que me sei pó no mormaço desta vida.
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