quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A Verdade Vos Libertará.




A verdade é assim,

Menina faceira que se esconde do olhar.

Sabe surgir como o sol nas trevas do mundo, entre os homens.

Eu aprendi a conviver com ela,

Ninguém a domina,

Ninguém a conhece de verdade.


É flor tenra que nasce e viceja ao orvalho do campo,


Eclode em silêncio,


Grita,


Suicida-se, mas não escamoteia. 


Meia verdade é mentira escancarada e escandalosa.


A inverdade é fruto esquálido, engano travestido de luz.


A verdade é transparente e brilha como o ouro.
  
Eu temo mais a verdade escondida que a sujeira exposta.

Quando a verdade está posta debaixo do tapete a injustiça impera sobre alguém,

E normalmente, esgarça a vida de quem está do lado fraco da corda.

Como o sol ela sempre brilha no tempo,

Como a chuva ela rega a terra dos necessitados,

Como a lua ela ilumina a estrada dos que andam na escuridão.

A verdade meu senhor é como tesouro encontrado nas montanhas,

Nem todo olho a percebe,

Nem toda mão toca-a,

Nem todo coração a vê.

A verdade é como um trem que chega na hora exata,

É como a estação apropriada,

Se roubada, sofre alguém,

Se desprezada, a injustiça governa.

Ela não é propriedade de ninguém,

Mas pertence à todos que buscam uma vida de excelência.

Não pertence à políticos, 

Muito menos à religiosos.

A verdade é livre.

Se escondida, o mal impera.

Se suprimida, uma besta nasce em qualquer lugar.

A verdade meu senhor é assim, simplesmente livre.

Ela não tem partido,

Nem grupo social ou cultural,

Nem nos guetos, 


Tampouco está nas pastas de empresários,

Não usa batinas,

Não é domínio de mestres, nem está nos altares feitos por mãos humanas.

A verdade não usa black tie,

Nem veste prado,

Ela vive por ai onde quer que encontre amor a alguma causa.

Ela submerge com o tempo,

Transcende a história, mas nela se manifesta,

A verdade não está togada,


Nem sempre presta continência,

Tampouco fala manso ou está em sorrisos vitoriosos.

Sua lucidez estampa a inocência ou a maldade de alguém.

Eu temo a mentira quando se disfarça de verdade.

Eu temo os olhos de quem engravida pelo ouvido.
   
Eu temo os ouvidos dos que não sabem ver.

Eu temo o mundo e o fundo de uma alma sem verdade.

É escuridão demais para transpor, quem o saberá discernir?

Com o tempo eu descobri que há muitas verdades na verdade.

Há verdades que parem verdades.

Há verdade sob camadas de mentiras expostas.

Odeio a verdade negada.

O direito calado.

O fato é que nem sempre o que é verdadeiro é o que está à vista.

Às vezes os olhos se deixam iludir com a aparência dos mais fortes.

“É que Narciso acha feio o que não é espelho”, disse o poeta.

No fim, a verdade acaba sendo aquilo que a gente quer acreditar.

Mera subjetividade visto que a objetividade das coisas está velada.

A verdade? Onde andará? Rarefez-se.


Às vezes a verdade está presa, enquanto a mentira possui as chaves do cárcere.


Outras vezes ela tem peso de morte, quem a suportará?  


O que é aparente parece ter o poder de burlar o essencial, 


Consolo-me com aquele que disse: “O homem vê a aparência, mas eu vejo o coração”. 

Assim, eu repouso na Verdade que Ele é, visto que busca a essência das coisas.


E conhecereis a verdade e ela desnudará o mundo.

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