A canoa está ali, na lama do mangue seco, à espera de alguém.
O mar não está para a pesca nem a alma para as redes.
Dias assim, o pescador faz da rede de balanço seu lugar de descanso.
O sol de hoje é o mesmo de outros dias,
Quando o espírito do homem não quer as ondas e tampouco os ventos.
Há um colorido que embeleza o pia nas embarcações silentes.
A vida lá fora é como o mar que espera cardumes e homens.
A linha do horizonte fende a face da lua na linha do anzol,
Que realça o mar, espelho d’água.
Que realça o mar, espelho d’água.
Contrapartida, do outro lado, o sol esconde o rosto já cansado de esperar.
O que espera o sol?
O sol espera o que espero eu,
A viração do dia, para que tudo comece outra vez.
Eu espero o que esperam os homens e os pescadores em todo lugar.
Um dia alegre, um toque de amor e a plenitude da felicidade.
Não é assim que caminha a humanidade?
O mar prateado espera o douro do sol.
O sol encantado espera os homens à luz.
Os homens esperam florir os sonhos.
o rio espera o mar e o amor espera o afeto.
O fato é que todos esperam alguma coisa.
O fato é que todos esperam alguma coisa.
E eu espero o que minha alma não sabe definir: talvez o que esperam as aves.
A canoa continua ali, parada,
Amarrada está a alegria a um cepo enfiado no chão.
É assim, o cepo prende as canoas e estas prendem destinos,
Que prendem os homens e estes,
Estão presos à eternidade e à beleza de um instante.
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