sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Um lugar no Paraíso Interior



Leio Rubem Alves enquanto escuto a flauta de Jean Pierre Rampal,
Não há nada mais almático e encantador que esta atividade ao tom suave
De uma brisa leve que toca minha face beijada por minha pequena Tábatha.
A eternidade ganha seu vórtice aqui mesmo em mim, no amor que emana no silêncio.

Ah! Que maravilha!

Um Concerto for flute, harp & orchestra in C major- W. A. Mozart.

A poesia jorra em minhas veias enquanto minha mente percorre mundos ao açucarado humor da Talitha.
Mas que mundos percorrer lá fora se não desvendo os de dentro?

Meus olhos vêm a flor-da-noite, o jasmim-do-imperador e as bromélias.
Sorvo as imagens oníricas de uma infância rupestre.
Minha alma bucólica anima-se ao som de oboés distantes.
Sinto saudade não sei do quê, só sei que sinto mesmo sem saber.

Algo em mim percebe Deus na ternura.
Deus deve solfejar canções de amor ao som do vento.
Penso que por isso ele ama a viração do dia.
Ah! Se Adão soubesse! Teria recusado o conhecimento do bem e do mal.

Há saberes que nos expulsam do Paraíso,
E há sabores que expulsam a Deus de seu passeio vespertino.
Não houve mais fins de tardes e penso que Deus sente saudade.
A saudade meu senhor, não é coisa só dos homens, os deuses o sentem também.

Gosto da expressão do Livro Sagrado quando diz:
“Deus habita no meio dos louvores do seu povo”.
Acho que Deus sente o que sinto agora quando ouve canções de exilados.
E o que sinto agora? Só um suspiro profundo para expressar.

Em algum lugar desse mundo há jardins de sonhos.
Os sonhos são feitos de algodão-doce e jardins floridos e tecidos da alma.
Minha alma sonha, e, porque sonho, sinto o amor.
E o que é o amor? Amor é saudade: essa coisa que nos arrebata os sentidos quando fechamos os olhos.

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