terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Tempo de Cantar




Diz o autor sagrado que “Há tempo para todo propósito debaixo do sol”,
O fato é que acima dele (o sol) o tempo não é necessário.
O tempo foi feito para que Deus contasse a espera.
Ele ainda sonha em brincar conosco no jardim, uma vez que aqui só há desertos.

Embora conheça desertos, Deus gosta mesmo é de jardins.
Alves diz que “O mais alto sonho de Deus é um jardim”.
Num jardim há tantas coisas para se encantar
Que o tempo, como no céu, é desnecessário.

Ah! Quem me dera tocar as flores deste mundo com o meu olhar.
É na alegria que a eternidade desnuda a sua flamejante espada.
O tempo é um fardo quando a gente ama.
Uma locomotiva louca que passa às pressas na estação.

Quero viver um tempo em que o tempo não seja necessário.
Quero o eterno agora, o já de felicidade sem horas marcadas.
A minha alma não precisa de ampulhetas nem de areias derramadas.
Minha alma quer jardins floridos de primaveras vivas.

Gosto dos jardins porque neles o meu corpo canta o que canta a minha alma.
É num jardim que melodias cantaroladas nascem, enquanto a alma adeja absorta.
Os jardins em mim, encontram os jardins em Deus, e assim, eclode a comunhão.
Para que o tempo se a alma é poesia? Quando a alma é feliz o tempo se torna desnecessário.


O tempo meu senhor serve para medir a espera.
Na dor, na angústia, na solidão e mesmo no sofrimento.
Ele é útil, para nos ajudar a atravessar desertos.
Sabe qual é o problema do tempo? Ele não tem alma. O tempo não tem alma.
  
Deus não usa relógio, tampouco tem um cuco na parede.
Mas, ele sonha transformar desertos em jardins.
Pois, Ele mesmo, deseja que, de espadas sejam fundidas pás, relhas e enxadas.
Minha alma de menino lembra Nascimento, outro poeta mineiro que disse:

“Cantar era buscar o caminho que vai dar no sol,

Tenho comigo as lembranças do que eu era,

Para cantar nada era longe, tudo tão bom,

Até a estrada de terra na boléia de caminhão.

Era assim,

Com a roupa encharcada e a alma

Repleta de chão (...)”

Tenho saudade do tempo em que o tempo era apenas um detalhe.


Quando o tempo era totalmente desnecessário.

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