“A morte bateu na nossa porta e entrou sem pedir licença,
Sua visita era esperada, mas não sabíamos a hora certa que viria;
Não havia dia marcado nem tempo determinado para a sua chegada,
Seus sinais nos acompanham todos os dias, meses e anos da nossa vida.
A bandida da morte é visita indesejável,
É peçonhenta e se define como odiosa;
Sua pele asquerosa gera mal-estar aonde chega,
Sua vil presença leva-nos de repente o que mais amamos.
Só o amor e as lembranças vencem sua nódoa indelével.
Assim, aprendemos que tudo que vive, morre;
As rosas morrem; as aves morrem; os homens morrem.
Foi assim que meu sogro morreu, como uma árvore centenária.
Morrem as borboletas azuis depois de vôos inesquecíveis,
Morrem as estações do ano, outonos, primaveras e invernos,
Morrem os versos e as crianças,
Tudo morre; todos morrem.
Morre o pardal e a chuva que rega o chão no sertão nordestino,
Morre o velho, as flores e as árvores,
Morrem rios e estradas, pontes e florestas,
Tudo morre nesse mundo do meu Deus.
Mesmo Deus, sendo Deus, morreu.
A morte é tão astuta que para deixar de ser o que é,
Precisou morrer Deus na forma humana numa cruz.
Onde está ó morte o teu aguilhão?
Deus morreu, viva a Deus!
Ressurreição é convite de Deus a tripudiar sobre a morte,
Nela a morte morreu, já não mata mais como antes,
Perdeu sua força, seu vigor, a morte está de aviso prévio.
Mesmo com seus dias contados a morte permanece inóspita,
Tira-nos a alegria, como quando matou o amor em Romeu e Julieta;
Ainda hoje, com seu ar sombrio, ameaça-nos e rouba-nos o sorriso;
Um dia cantaremos a canção da alegria: “Tragada foi a morte na vitória”.
Embora a morte seja-nos uma contradição e deixe-nos perplexos,
Ela nos ensina a amar a vida, os limites da nossa finitude;
Ela ensina-nos, por mais estranho que pareça,
Que viver é nossa mais nobre e singular vocação”.
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
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