sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Meus 39 anos - Salvador 21 de Novembro de 2008


“39 anos se passaram e eu, fechado em meus sonhos infantis sequer os notei,
As velhas ruas de outrora já não são mais as mesmas, sequer na estética.
A antiga casa de farinha ainda está aquecida, enquanto mandiocas retorcidas apodrecem ao pé do pilão;
Tudo ali cheira ainda aos perfumes de tempos distantes,
Aromas de ontem que as narinas não deixam adormecer.
A vida passa,
Os dias passam,
E passo eu, medindo à palmos a métrica das canções que o vento levou,
Melodias de mim que o tempo compôs nos quintais dos desejos grávidos de ternura.

39 anos se passaram e eu, continuo aqui, no lugar da saudade,
Sorvendo as lembranças, como se delas minha alma vivesse.
O passado é feito de ruas escuras, céus turvos e mares sombrios,
Nem sempre é possível nele enxergar alguma coisa,
É como o futuro, suspeito às vezes que ambos são feitos da mesma argila.
Posso tocar no menino que fui, pois ainda o vejo correndo descalço por ai.
O inverno passa,Os anseios passam,
E passo eu, ouvindo a chuva que arrasta o silêncio de anos fabris,
Gotas paradas ali, em folhas e galhos que versam na ternura,
O anelo que ainda move o homem que hoje eu sou”.

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