terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Em Algum Lugar Nas Alturas!





A estrada cativa-me a alma.
Nem por ser estrada há de ter sempre chão.
Eu não saberia viver longe do soprar de sua brisa leve.
Algo mim quer mais que a realidade.
Anseio os sonhos, mundos e as estações,
Mesmo sabendo sua temporalidade fugaz.
Assentado ao portão 07, meu próximo destino é para sul.
Sigo rumo às nuvens, suspenso em anelos meus.
Minha alma é travessia, enquanto o meu corpo é barco na beira do cais.
Transverso, atravesso o avesso do avesso, 
Sou inverso em versos de outonos diversos e tardios.
A primavera em mim são flores postas na lápide da espera.
Idéias postas de ideais perdidos no tempo.
Ao meu lado e sibilante, Rubem Alves torna o voo mais profundo.
Diga-me com quem tu andas, e eu te direi quem tu és, diz um velho ditado.
Reflexivo, rompendo o azul que habita apenas o olhar,
Flutuo entre abismos, pois tal anil não se encontra em lugar algum.
Ilusão de quem apenas imagina o que vê.
Daqui de cima o céu que vejo, não é o mesmo céu, 
Que em terra firme faz o fundo azul de sonhos meus.
Gosto quando estou mergulhado em nuvens.
Silêncio!
Obscuridade!
nada vendo além do alvor e invisível aglutino o amor aos borbotões. 
Nada vejo além de mim mesmo, e vendo-me, nada vejo.
Expectação de quem deseja volver ao som do amniótico líquido da existência.
seguindo a estrada, desta para a inexistência mais obscura e sem fim.
Aos meus pés o mundo, sobre mim, as constelações do chapéu.
Na minha alma, como disse o poeta: “O juazeiro e a sombra”. 
Quero entender o que se passa em mim. sofrerei sozinho disto? 
Eu anelo viajar mesmo quando encontro-me viajando.
Quanto mais viajo, mais sinto a necessidade de ganhar o mundo.
Que mundo há lá fora para ser conquistado ainda?
Que mundos há ainda a espera de conquistas? 
Algum lugar me espera? Ou, espero eu lugar nenhum? Mesmo amando o desejo de esperar, espero. Acho que este é meu mais profundo desejo. Sofro de uma crônica esperança. O que espera um poeta, além de alegria e paz para o mundo? 
Eu sofro a dor das dores que padecem os poetas.
Para onde dirijo o olhar há vazios. 
A selvageria estatuiu-se e civilização é um mito.
Mário Quintana tinha razão, “Esses que puxam conversa sobre se chove ou não chove - não poderão ir para o Céu! Lá faz sempre bom tempo...”
Enquanto atravesso o bom tempo acima das nuvens, 
Em reverso, processo os maus tempos meus em recordações comezinhas do dia a dia.
O pequeno grão de areia que em mim produz a dor,
Gera em mim e a meu favor, a pérola que de mim e a partir de mim se faz palavra.
Minha poesia é dor transformada em verso.
Os meus versos transcendem os céus dos meus desejos.
Aves que voam em mim, de mim e para longe de mim. 
Mas retornam sempre.
Partem alhures, para onde a minha imaginação sequer pode alcançar. 
Os meus poemas são pássaros livres que fazem ninhos nos telhados das cidades. 


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