A montanha está ali, coberta por uma nuvem escura.
Ao sopé estão os pés de quem busca sossego.
Há muito chão para andar quando a alma quer respirar ar puro.
O ar que respiro agora é ar dos ares cheios de fuligem.
Na cabeceira do tempo minha alma anseia a quietude.
Quero o ar puro das florestas.
Quero a primavera alegre.
Quero as flores e um colorido intenso.
Nada quero além do fim do inverno.
O inferno é quente, mas é vazio de sonhos.
A escuridão está ali, cobrindo a montanha.
Os pés de quem anda, anda ao sopé do sossego.
Abismos meus feitos de silêncio e incompreensão.
Eu quero transportar a montanha que se esconde em mim à escuridão.
Quero atravessar a escuridão em mim pelo chão que me leva a calmos invernos.
Quero apagar o inferno de uma consciência trôpega e cansada.
Minha inconsciência é escuridão e minha lucidez habita o topo da montanha.
Sigo ao sopé de mim mesmo.
Ainda há chão para andar e sossego para viver.
Do que se cansa a alma senão das suas próprias ilusões?
A alma é feita de um tecido leve, tecido a agulha e linha.
Tricô dos deuses que anelam casacos de frios invernos.
A minha alma é feita da leveza de bolhinhas de sabão.
Tenro e transparente amor que flutua por ai, brilhando e refletindo o sol.
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