Uma polissemia acontece quando um novo sentido é dado a uma velha expressão.
Por exemplo: o vocábulo barbeiro.
Existe o barbeiro, profissional que corta cabelo e barba.
O barbeiro, o inseto que causa a doença de Chagas.
O barbeiro, um simpático peixe de águas profundas.
O babeiro que era um tipo de cirurgião no medievo.
E finalmente, barbeiro, o sujeito que dirige mal um veículo.
O amor dos gregos é polissêmico, posto que múltiplo:
Ágape, Storge, Fileo e Eros.
Minha alma é polissêmica, posto que seja plural.
Minha alma é poesia.
É vida.
É amor de amor que se ama quando amar não dói.
Felicidade.
É neve.
É desejo.
Minha alma é sonho.
Uma casa no campo com janelas abertas para as colinas.
Minha alma é jardim de flores vivas, sempre-vivas.
É música: É Sinfonia 38 de Mozart “Praga”.
Minha alma é conto de Guimarães Rosa.
Poemas de Drummond.
Versos de Rubem Alves.
Bachelard a definiu muito bem quando disse:
“Ainda existem almas para as quais o amor é o contato de duas poesias, a fusão de dois devaneios”.
A palavra amor em mim é polissêmica.
É correr ao vento.
Andar sobre trilhos.
Comer goiabas em cima do pé.
É cantar, dançar e tropeçar num tango em Buenos Aires.
Sim, polissemia é a palavra que define o meu ser.
Estou preso num cubo.
Rolo enquanto a alegria é doce ternura entre os pés de alfazemas.
Sinto saudade de quando o mundo era um mar de rosas.
Quando a inocência grassava meu olhar puritano.
Apenas sinto saudade!
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