A minha alma usa gibão de couro.
Em minhas veias pulsa o vivo sangue sertanejo.
Sou poeta da caatinga e do agreste.
Venço a seca, rumo para oeste para onde o sol se esconde.
Minhas lágrimas se tornaram pó ante as dores do sertão.
Minha caneta escreve em corte, a vida, a flora e o coração.
Sobre as linhas do horizonte, amolado subscreve o meu facão.
Eu vivo a vida com alegria.
Sei cantar versos em modas de viola.
Venho do cangaço, sou catingueiro da Bahia de manhãs floridas.
Vivo à luz do dia, galopando em meu cavalo pelo meu torrão.
Sou sertanejo, feito sombra de ingazeiro posto ao sol em seu fulgor.
Sigo pelo meu nordeste ouvindo a toada de aboios idos para o norte.
O som da sanfona ainda se ouve por aqui, é tímido, mas redivivo!
Sou cantador e conto prosas nos fins de tardes, quando o sol se quebranta.
Sou um pé de juazeiro na beira da estrada.
Sou umbuzeiro, cajazeira e forte como uricuri.
Ai que saudade! Ai que alegria! Sobre mim o chapéu de couro bordado.
A plantação de milho já floresce e o inverno não apaga a fogueira.
Dona Amélia traz o bolo de puba, a tapioca e o amendoim.
Eu quero um verso com cheiro de fumaça.
Cheiro da roça. Água bebida na cacimba.
Eu quero o colorido das bandeirolas.
É junho, os fogos explodem e a alegria arrasta o pé no forró de pé de serra.
Sou poeta de versos e prosas que povoam os céus, feito balões noturnos.
Minha leveza flutua por ai a minha alma sonhadora.
Minha poesia é escrita nas cinzas de um tempo,
Onde o amor aceso como candeeiro iluminava a vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário