sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Poetas, Teias E Aranhas!



Uma aranha solitária tece os fios de sua teia transparente.

Produz em silêncio a sua eterna morada.

Ela segue os seus instintos; repetição de dias idos.

Memórias recentes de lições vividas no passado.

Uma aranha tece seu mundo entre outros mundos à sua volta.

Esmero de quem vive por um fio, pendurando-se entre o céu e a terra.

Aranhas vivem entre abismos.

Suspensas por ai alinhavam suas casas, redes de finas linhas.

Os poetas são aracnídeos, posto que, vivem entre abismos.

Suspensos, fazem das palavras teias sensíveis.

Casas suspensas onde habitam as palavras tecidas como forma de existência.

Resistência de quem vive entre abismos na alma.

De quem por um fio sustenta a vida e o amor ante a eternidade.

Os poetas são efêmeros como efêmeras são as aranhas.

Sobem,

Escalam,

Descem,

Alinhavam,

Costuram,

Tecem.

Entre um vão e outro deitam suas teias, palavras e sonhos.

É no V do vão que se faz entre a realidade e a imaginação que os poetas existem.

Eu tenho tecido minhas teias entre o sol e a lua.

Inscrevo-me poeta aracnídeo, pois por um fio soergo-me entre os céus e a terra.

O fio de um pensamento sustenta-me na leveza do ser.

E sendo, faço minha casa entre as estrelas.

Um fio na noite, outro no dia.

Um traço e nos trópicos deito as linhas dos meus sonhos.

Aqui suspenso e de cabeça para baixo, mergulho na essência das coisas.

Elevo-me e logo descubro a rede que minha esperança alçou entre muros.

Minha poesia é teia que aprisiona insetos pretensiosos e desavisados.

Todo poeta é abrigo para a alma que sabe amar as palavras.

Quero ser poeta que constrói abrigos entre os sonhos, o amor e a eternidade.

Os poetas escrevem,

Alinhavam,

Tecem,

Tramam,

Bordam,

Tricoteiam as palavras como teias.

Cada fio ligado à alma quer dizer o que só a alma diz.

Suspenso nas palavras, os poetas se inscrevem construtores de mundos.

Entre abismos,

Por um fio,

Mas com as linhas se traduz numa morada eterna, efêmera e abissal.

A aranha solitária continua ali, tecendo em silêncio.

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